TRAJES
Camponesas dos arrozais (1930/40)
Fazer a “coisa” de forma empírica, do meu ponto de vista, é tão interessante como desenvolvê-la com conhecimentos académicos, é também disso que trata este post. Contudo o objetivo primeiro é mostrar os trajes usados pelas mulheres camponesas dos arrozais (1930/40) através de desenhos. As imagens publicitadas neste post são de José Luiz Pereira e mais tarde divulgarei outros de Helena Diogo Claro (mestre em design de comunicação).
Os desenhos de José Luiz Pereira estão publicados no livro “Aqui está Coruche” e foram feitos no âmbito da sensibilidade estética e empírica do autor.
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A propósito de José Luiz Pereira, reitero que foi um artesão de mão cheia, está referenciado no livro “Mãos com Alma – artes e ofícios tradicionais em Coruche”. Transcrevo aqui uma nota biográfica:
“José Luiz Pereira nasceu em 1916, em Coruche.
Cedo se viu privado de seus pais. A morte levou-os. Ele e seu irmão João enfrentaram a vida e foram em frente.
O jeito para o desenho manifestou-se cedo e acompanhou-o a vida toda.
Marcenaria, a arte que amou intensamente, aprendeu-a desde muito novo com aquele a quem orgulhosamente chamava Mestre – Luís Marceneiro. Estudou-a e desenvolveu-a.
Foi polivalente na profissão. Quando a oportunidade surgiu aprendeu a dourar com folha de ouro e das suas mãos saíram trabalhos apreciados. O restauro da talha dourada dos altares-mores da Igreja da Misericórdia e Ermida de Nossa Senhora do Castelo, executado pelas suas mãos, enchia-o de orgulho. Dedicou muito do seu tempo a restaurar peças do artesanato local feito em madeira; peças feitas pelos Carpinteiros agrícolas que copiou ou restaurou.
Estudioso de tudo o que lhe chamava a atenção, desde os usos e costumes da região à 'alquimia' dos materiais usados em marcenaria, dedicou algum do seu tempo a divulgar, pelas escolas primárias e ensino médio e junto de quem o procurava, o seu saber.
Publicou um livro sobre usos e costumes de Coruche intitulado “Aqui está Coruche”.
in: Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, p. 24.
O prefácio do livro “Aqui está Coruche”, da prof.ª Maria Emília Veiga Lopes, da qual ainda tenho memória, é interessante para compreender o autor e o seu livro.
“Nas páginas deste livro encontrará o leitor muita da vida vivida pelo autor, no seu dia a dia de criança observadora, que soube guardar para mais tarde a lembrança desses tempos, como se fosse presente.
São páginas escritas e gravadas durante esses anos todos, através da sua sensibilidade e presença constante.
São a expressão do apego e do amor à terra onde nasceu, cresceu e se fez homem, e cultivou como flores as suas recordações.
Palavras simples, sem pretensões, mescladas a cada passo da expressão popular, garrida e quente, arrancada do chão e das gentes, com a ingenuidade das coisas singelas, que o povo sente e diz.
Aqui estão elas, pois, vivas e vividas, num contributo mais para a história da sua terra.
E a história de cada vila, da cada cidade, de cada aldeia, de cada cantinho esquecido, é bom que se escreva e se conheça mais e mais, porque nela estão as raízes de cada um de nós.
Maria Emília Veiga Lopes”
in: Pereira, José Luiz – Aqui está Coruche, Coruche: ed. autor, 1983, p. 7.
Revisão: Ana Paiva
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