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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

TRAJES

No sentido de dar continuidade ao post sobre trajes tradicionais, publico mais uma fotografia, na circunstância um vestido de noiva, anos 30.

Trata-se de um vestido cujo tecido é "marrocan de lã" bordado com missangas, esta peça foi executada em ateliers do CRIC, tendo como formadora Joaquina Mendanha. 

A fotografia foi produzida no âmbito do livro Mãos com alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche.

PICT0007.JPGCréditos fotográficos: Carlos M. Silva

Modelo: Teresa Neves

 

in: Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, p 89.

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

TRAJE de CAMPINO

 

O campino é uma personagem típica da região do Ribatejo que está ligado à condução de gado, em especial aos touros. Veste-se de uma forma muito característica com o seu barrete verde com orla e barra em vermelho, camisa branca, colete encarnado, uma faixa vermelha que usa na cintura, calça azul, meias brancas até ao joelho, sapato preto com esporas, uma jaqueta que coloca sobre o ombro esquerdo e por último o seu bastão (pampilho) que utiliza na condução do gado. 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Campino

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 Telmo Ferreira, dançanrino de fandango - Rancho Folclórico da Fajarda

 Créditos fotográficos: Rancho Folclórico da Fajarda  / Edição: Helena Diogo Claro

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 Créditos fotográficos: José Cordeiro

 

Meias de Maiorais/Campinos (Ribatejo)

As meias usadas pelos maiorais/campinos do Ribatejo até meados do séc. XX são um dos exemplos mais interessantes das malhas portuguesas. Eram feitas (pelo menos em parte) pelos próprios homens que as usavam, situação muito rara no nosso país, e usadas como traje de trabalho.

Estas meias eram feitas em fio de algodão branco muito fino (sem o brilho  mercerizado de fabrico atual) e chegavam ao joelho, ficando integralmente à vista por serem usadas com calções. Como muitas meias portuguesas, as dos maiorais/campinos são começadas por uma bordadura de pequenos bicos. Segue-se uma barra larga integralmente decorada por colunas de motivos diversos.

O uso das meias tem sido progressivamente abandonado, à medida que o calção desapareceu enquanto traje de trabalho, ficando restrito às apresentações de ranchos folclóricos.

A tipologia das meias dos maiorais/campinos corresponde a um modelo de meia existente pelo menos desde o século XVII.

 

Fonte: Pomar, Rosa – Malhas Portuguesas –Civilização Editora, p 35 – 39 – 47

Texto integrado na brochura “Espaço Malhas”, no âmbito do projeto Envolvências Locais / Bienal de Artes Plásticas – Percursos com Arte - 2015

Paulo Fatela e Ana Paiva

 

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 Créditos fotogáficos:Tânia Prates / Edição: Helena Claro Diogo / Produção: Paulo Fatela

 

Revisão: Ana Paiva

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TRAJES

 Camponesas dos arrozais (1930/40)

 

Fazer a “coisa” de forma empírica, do meu ponto de vista, é tão interessante  como desenvolvê-la com conhecimentos académicos, é também disso que trata este post. Contudo o objetivo primeiro é mostrar os trajes usados pelas mulheres camponesas dos arrozais (1930/40) através de desenhos. As imagens publicitadas neste post são de José Luiz Pereira e mais tarde divulgarei outros de Helena Diogo Claro (mestre em design de comunicação).

Os desenhos de José Luiz Pereira estão publicados no livro “Aqui está Coruche” e foram feitos no âmbito da sensibilidade estética e empírica do autor.

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 A propósito de José Luiz Pereira,  reitero que foi um artesão de mão cheia, está referenciado no livro “Mãos com Alma – artes e ofícios tradicionais em Coruche”. Transcrevo aqui uma nota biográfica:

“José Luiz Pereira nasceu em 1916, em Coruche.

Cedo se viu privado de seus pais. A morte levou-os. Ele e seu irmão João enfrentaram a vida e foram em frente.

O jeito para o desenho manifestou-se cedo e acompanhou-o a vida toda.

Marcenaria, a arte que amou intensamente, aprendeu-a desde muito novo com aquele a quem orgulhosamente chamava Mestre – Luís Marceneiro. Estudou-a e desenvolveu-a.

Foi polivalente na profissão. Quando a oportunidade surgiu aprendeu a dourar com folha de ouro e das suas mãos saíram trabalhos apreciados. O restauro da talha dourada dos altares-mores da Igreja da Misericórdia e Ermida de Nossa Senhora do Castelo, executado pelas suas mãos, enchia-o de orgulho. Dedicou muito do seu tempo a restaurar peças do artesanato local feito em madeira; peças feitas pelos Carpinteiros agrícolas que copiou ou restaurou.

Estudioso de tudo o que lhe chamava a atenção, desde os usos e costumes da região à 'alquimia' dos materiais usados em marcenaria, dedicou algum do seu tempo a divulgar, pelas escolas primárias e ensino médio e junto de quem o procurava, o seu saber.

Publicou um livro sobre usos e costumes de Coruche intitulado “Aqui está Coruche”.

in: Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, p. 24.

 

O prefácio do livro “Aqui está Coruche”, da prof.ª Maria Emília Veiga Lopes, da qual ainda tenho memória, é interessante para compreender o autor e o seu livro.

 

“Nas páginas deste livro encontrará o leitor muita da vida vivida pelo autor, no seu dia a dia de criança observadora, que soube guardar para mais tarde a lembrança desses tempos, como se fosse presente.

São páginas escritas e gravadas durante esses anos todos, através da sua sensibilidade e presença constante.

São a expressão do apego e do amor à terra onde nasceu, cresceu e se fez homem, e cultivou como flores as suas recordações.

Palavras simples, sem pretensões, mescladas a cada passo da expressão popular, garrida e quente, arrancada do chão e das gentes, com a ingenuidade das coisas singelas, que o povo sente e diz.

Aqui estão elas, pois, vivas e vividas, num contributo mais para a história da sua terra.

E a história de cada vila, da cada cidade, de cada aldeia, de cada cantinho esquecido, é bom que se escreva e se conheça mais e mais, porque nela estão as raízes de cada um de nós.

Maria Emília Veiga Lopes”

in: Pereira, José Luiz – Aqui está Coruche, Coruche: ed. autor, 1983, p. 7.

Revisão: Ana Paiva

 

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