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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

Exposição: TALEIGOS

 

Aconteceu no passado sábado, dia 22 de setembro pelas 16h, a abertura da exposição TALEIGOS, na travª dos Guerreiros, nº 8 em Coruche.

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 Créditos fotográficos: Fernando Marques

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 Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

O propósito da exposição foi no sentido de sair do registo virtual e humanizar as dinâmicas que vão acontecendo no âmbito do blog Coruche à Mão, o qual tem como lema: Preservar Memória / Criar Valor. 

Foi uma alegria ver a travª dos Guerreiros com vida, com gente! Várias gerações presentes, todos conviveram, uns jogaram à bola, outros degustaram doce de abóbora dourada, confecionado por Clotilde Fatela, enquanto fruíam  as peças expostas, taleigos ( antigos | retalhos | bordados | aplicações | crochet ), bem como diversos suportes que receberam os protagonistas, nomeadamente máquinas de costura (marcas: Oliva e Singer), ferros de engomar (antigos)  e  peças de mobiliário. 

O meu agradecimento a todos os que mais uma vez aceitaram o desafio, que passou  pela produção de taleigos (sacos de pano) que aconteceu numa perspetiva de manter a tradição, nomeadamente no que se refere ao conceito de reutilização de materiais e a utilização das peças por forma a sermos mais amigos de ambiente. 

Valorizei de coração todas as presenças, contudo relevo a visita de Rosa Pomar uma investigadora, empresária, autora, blogger, aprendiz e mestra de técnicas tradicionais. Rosa Pomar tem um universo inteiro de coisas singularmente nossas para partilhar, da lã fiada à mão no Minho aos cestos de cana algarvios. 

Reiterar aqui o agradecimento à D. Manuela Capaz a cedência do espaço e à drª Luísa Portugal pela colaboração incondicional e, ao João Santos pelo apoio logístico. 

Como nota final,  referir que não foram efetuados quaisquer contactos para recolha de sacos antigos, no entanto, durante o desafio e após a abertura da exposição  muitas pessoas  demonstraram disponibilidade para  cedência de peças nesse âmbito. A receção e a exposição desse espólio implica um outro projeto expositivo para o qual o Coruche à Mão não tem meios para desenvolver, lamento!!!

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Créditos fotográficos: Fernando Marques

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Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

GASTRONOMIA

Do pinheiro ao pinhão

  

Pinheiro manso (Pinus pinea)

 

As suas origens são antiquíssimas, remontando ao tempo de D. Sancho I.

D. Dinis utilizou os pinheiros mansos com o evidente propósito de proteger as terras aráveis com uma barreira natural.

Com o rei D. Fernando o pinhal será usado para construção naval, mas já com pinheiro bravo.

O pinheiro manso é uma gimnospérmica, da família das Pináceas, a mesma família dos abetos e larícios, subfamília das Pinóideas e género Pinus.

É uma árvore que frequentemente ultrapassa os 30 metros de altura, de folha persistente.

A copa do pinheiro manso é redonda no seu capelo, assemelhando-se a um cogumelo.

As folhas são agulhas verdes-claras, rígidas com 10 a 20cm de comprimento e 1 a 2mm de grossura, agrupadas duas a duas. As flores masculinas são cones quase cilíndricos com 15mm de comprimento, agrupados na parte terminal dos ramos de cor amarela. As pinhas estão isoladas ou agrupadas em duas ou três de dimensões apreciáveis (8 a 15cm de comprimento com cerca de 10cm de diâmetro), de cor pardo castanho-avermelhado, e escamas com um pinhão de 15 a 20mm de comprimento. Floresce de março a maio, demorando as pinhas a amadurecer três anos e libertando os pinhões ao quarto ano.

Em Portugal abundam em maior quantidade a sul do Tejo.

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto da Floresta Nacional a área de povoamento de pinheiro manso em Coruche é de 9130ha.

Outrora o pinheiro manso tinha apenas rentabilidade na sua morte, utilizando-se a madeira para a construção marítima e construção civil. Hoje a indústria do pinhão tornou-se uma mais-valia para o mercado nacional e exportação.

Os pinhões, fruto do pinheiro manso, são uma fonte de riqueza para o país, onde a cozinha e doçaria tiram partido das suas reais qualidades.

DSCN3403.JPG Pinhas

Foto 7.JPGPinhão

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Miolo de pinhão 

 Créditos fotográficos: Paulo Fatela 

Fontes:

Cravidão, João - A madeira em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche, Coruche: Museu Municipal/Câmara Municipal, 2015.

http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=55&cid=3681&bl=1&viewall=true

 

O meu amigo Amorim Alves, natural da aldeia de Santa Justa, freguesia do Couço – Coruche, teve a cortesia de me facultar peças usadas para a obtenção do miolo de pinhão, bem como fez uma descrição do saber fazer, considerando que foi e ainda é uma atividade que acontece na localidade.

 

Saber fazer:

O miolo de pinhão provém de pinhais de pinheiro manso onde, tradicional e praticamente, não se usam tratamentos fitossanitários ou adubos durante o período vegetativo, o que lhe poderá vir a conferir o direito ao uso da menção “Pinhão biológico”. As pinhas são colhidas  entre os meses de dezembro e março e colocadas depois ao sol, em eiras. As pinhas são abertas sob ação do calor solar ou, quando tal não é possível, a abertura é forçada pela aplicação de calor seco (fornos), sendo usada a caruma. São descascadas com um utensílio, em ferro, recorrendo a um cepo como suporte, e posteriormente crivadas numa rede larga. Soltos os pinhões, são partidos utilizando-se duas pedras, uma como base e outra de mão. São novamente crivados com uma malha mas fechada. Obtido o miolo, vai a torrar em forno de lenha.

 

Conjunto de imagens de utensilios e processos para obtenção do miolo de pinhão:

Foto 6.JPG Utensílio em ferro para descascar as pinhas

Foto 5.JPG Cepo - base de apoio para o descasque das pinhas

Foto 2.JPG Crivo - malha larga, permite a separação da casca da pinha do pinhão

Foto 3.JPG

Foto 4.JPG Crivo - malha apertada, permite a separação da casca do pinhão do miolo

Foto 5 (2).JPG Pedra de base e de mão - para extrair o miolo do pinhão

DSCN3407.JPG Descasque das pinhas

DSCN3404.jpg Extração do miolo do pinhão

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

A industrialização do miolo do pinhão

 

O Grupo Cecílio é uma empresa sediada em Coruche, de cariz familiar, e conta com mais de sessenta anos de experiência no âmbito dos produtos alimentares. A empresa é detentora de marcas de confiança do consumidor, com destaque para os produtos miolo de pinhão e arroz.

Em 2015 alargou  a gama de produtos e passou a comercializar, também, uma gama variada de frutos secos.

No âmbito do miolo de pinhão desenvolve a marca Pinheiro 

Empresa Cecilio.png

 Fonte: http://www.cecilio.pt/pt/index.html

 

Uso: O miolo de pinhão é muito apreciado como aperitivo, mas também é usado na doçaria tradicional, como por exemplo na Pinhoada. Também se usa em alguns pratos de culinária, como ingrediente de diversas receitas de arroz e de saladas.

 

Aplicações do miolo do pinhão na doçaria tradicional de Coruche:

 

Bolinhos de pinhão (Couço)

 

Ingredientes:

3 claras

500 g de açúcar

500 g de pinhão

 

Batem-se muito bem as claras em castelo, incorpora-se em seguida o açúcar, mexendo sempre. Juntam-se por fim os pinhões, misturando-os muito bem na massa. Vão ao forno, em pequenos montículos, até ficarem loirinhos.

 

Nógados de pinhão e mel sobre folhas de laranjeira

 

Ingredientes

½ litro de mel

500 g de pinhões torrados

Folhas de laranjeira

 

Deita-se num tacho o mel até fazer um ponto espesso a que se juntam os pinhões torrados.

Ainda quente deitam-se pequenas porções sobre folhas de laranjeira previamente lavadas.

Servem-se depois de frios.

DSC07541 recortada.jpg Foto: Arquivo da Câmara Municipal de Coruche

  

In: “Comeres de Coruche”, Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche, 1993, págs. 40 e 41.

Revisão Ana Paiva

 

Fotografias no âmbito do repto lançado no facebook, as duas primeiras são cotersia de Fernando Marques.

 

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