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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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CORTIÇA - FIGURADO, PEÇAS ÚTEIS

Neste post referêncio um bom homem, humilde e gentil. O Sr. Dinis é um artesão de mão cheia, com os seus 78 anos de idade continua a produzir peças e,  a orgulhar-se do que faz.

 

Esquiço biográfico: 

Dinis Emídio Azevedo, nasceu no ano de 1943, em Coruche.

Começou a produzir artesanato há cerca de 40 anos.

Na vida profissional ativa dedicava-se ao trabalho do campo, nos momentos de descanso, nomeadamente no período do almoço, entretinha-se com o canivete a alterar as formas de materiais oferecidos pela natureza,  raízes de árvores ou arbustos e cortiça.

Numa primeira fase reproduzia animais, cobras, lagartos, a uma pequena escala. Com cortiça procurava executar peças úteis, nomeadamente cochos (peças que funcionavam como recipiente para líquidos).

As peças eram muito apreciadas pelos colegas de trabalho, pelo que dessa forma sentia-se estimulado em fazer mais e melhor.

Reformado da sua atividade profissional ocupa o tempo a cuidar de alguns espaços florestais, sua propriedade, contudo continua a produzir peças artesanais. Há alguns anos a esta parte colocou a fasquia mais elevada, não só realiza peças associadas à fauna mas, também, à realidade agrícola de Coruche, ao seu património  e outros.

Algumas peças reportam momentos / atividades que outrora foram muito importantes no meio rural e social, como por exemplo a matança do porco.

A regra do sr. Dinis é de colecionar as diversas peças, excecionalmente oferece a amigos, nunca comercializou.

Reservou uma sala em sua casa, na localidade de Azerveira / São José da Lamarosa, para expor todas as peças que foi juntando ao longo do tempo. 

A  atividade artesanal de Dinis Azevedo está mencionada no livro Mãos com Alma, numa rúbrica de artesanato do extinto Jornal de Coruche e, participou pontualmente em eventos da Câmara Municipal de Coruche.

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 Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

Trata-se de artesanato tradicional genuíno, remete-nos para uma narrativa ingénua, naïf, muito própria da segunda metade do século XX. 

O sr. Dinis tem cerca de 100 peças, as quais deveriam ser registadas e mostradas às novas gerações … 

 

CORTIÇA - FIGURADO, PEÇAS ÚTEIS

O sobreiro (Quercus suber)

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 Fotografia arquivo Câmara Municipal de Coruche

 

O sobreiro é uma árvore perene da família das Fagáceas (Quercus suber), a que também pertencem o castanheiro e o carvalho. Existem 465 espécies de Quercus, principalmente em regiões temperadas e subtropicais do Hemisfério Norte. A cortiça extrai-se da espécie Quercus suber L.

É devido à cortiça que o sobreiro tem sido cultivado desde tempos remotos. A extração da cortiça não é, em regra, prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de “casca” (suber) a cada nove anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento. Recentemente têm-se desenvolvido processos mais mecanizados, como o caso da máquina que corta a cortiça, evitando lesões prejudiciais à vida do sobreiro e que facilita o trabalho dos tiradores, sem os substituir, aumentando assim a produtividade.

A cortiça é um produto mediterrânico, produzido apenas por um conjunto restrito de países, dos quais se destaca Portugal como maior produtor.

 

A cortiça é, sem dúvida, uma matéria-prima utilizada em todo o mundo, nas mais diversas atividades e negócios. A sustentabilidade ecológica da cortiça confere-lhe as caraterísticas  necessárias para se impor como a matéria-prima de referência, num planeta que se quer cada vez mais protegido ambientalmente.

 

É indubitável que a cortiça é possuidora de qualidades únicas, sendo acima de tudo um material 100% natural, reciclável e biodegradável. Estas caraterísticas elegeram ainda a cortiça como recurso utilizado em áreas inovadoras como o mobiliário, moda, indústria aeroespacial, etc.

 

Em Portugal existem mais de 720 mil hectares de montado do sobro e Coruche assume-se (a nível concelhio) como o maior produtor de cortiça, pois só de uma unidade industrial de Coruche saem diariamente cinco milhões de rolhas de cortiça para todo o mundo.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sobreiro

http://www.amorim.com/a-cortica/mitos-e-curiosidades/O-Sobreiro/110/

Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição   Associação para o Desenvolvimento da Charneca Ribatejana, 2004.

 

A produção de peças artesanais, em Coruche, a partir da cortiça, não é demonstrativa de inovação; contudo, existem alguns artesãos em Coruche que desenvolveram ou desenvolvem peças, essencialmente decorativas.

Dinis Azevedo, Henrique Barroso, Arlindo Pirralho, José Inácio Carvalho, Paulo Nunes e António Arsénio Jerónimo produzem essencialmente miniaturas (artesanato tradicional), na maioria reveladoras das suas vivências rurais. António Jerónimo distingue-se, considerando que a sua  produção é essencialmente constituída por peças úteis.

 

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 Artesão: António Jerónimo

Designação: Recipiente para produtos diversos

Material: Cortiça

Dimensão: 0,33m x 0,29m

Créditos fotográficos: José Fatela

 

Revisão: Ana Paiva