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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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MADEIRAS - MARCENARIA, CARPINTARIA, RESTAURO

Madeira

Este é o segundo post no Coruche à Mão sobre madeiras. O ponto de partida é o livro “A Madeira em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche”, de João Cravidão.

 

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Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

Hoje assistimos a gerações que, porque não viveram a Revolução Industrial, não concebem a vida sem ela. O artesanato, por ter um carácter utilitário, foi substituído pela produção industrial de utensílios. Na agricultura, até meados do século XIX, todos os utensílios e os meios que permitiam desenvolver a atividade pressupunham a sua construção manual, sem maquinaria. No entanto, ainda nos princípios do século XX, nos meios rurais, era comum a manufatura de instrumentos para a agricultura. É intenção trazer a este fórum informação relativa a materiais e métodos utilizados na produção de peças que caíram em desuso, nomeadamente carros de tração animal, alfaias agrícolas, etc.

 

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 Foto: Arquivo Câmara Municipal de Coruche

 

Importa dar nota que as casas de lavoura ou casas agrícolas (anos 20/40 do século XX) tinham, todas elas,locais/oficinas onde os trabalhadores – carpinteiros – podiam construir carros de tração animal (carros de bois ou de parelha, muar ou cavalar), assim como todos os utensílios necessários para a lavoura (encinho/ancinho, pá da eira, forquilha...).

 

Os locais onde se desenvolviam as atividades acima referidas eram designados por ABEGOARIAS e os carpinteiros por ABEGÃOS.

 

No livro “A Madeira em Coruche” o autor, João Cravidão, dá conta de uma fase de construção de carros de tração animal:

“Quando as rodas estavam prontas, já com as massas enraiadas e com as pinas, levavam o lastro, que era uma cinta de ferro com 2 a 3cm de espessura que era posta, em brasa, nas rodas, depois seguidamente regada por várias pessoas com regadores para arrefecer e ficar apertada.

Para essa manobra eram colocadas normalmente quatro a seis cintas, com o lume junto ao ferro, de ambos os lados. Quando o ferro estava em brasa, era colocado na roda que, depois de arrefecido com água, apertava a roda, concluindo-a.

As massas onde o eixo dos carros e carroças trabalhavam, as chamadas buchas de ferro, eram em azinho, os raios em mangue, as pinas em azinho e o lastro das rodas em ferro.”

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 Desenho de um carro de bois, exemplo dos realizados na época referenciada. 

Cravidão, João - A Madeiras em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche”, Coruche: Museu Municipal/Câmara Municipal, 2015, págs. 80 e 81

 

A propósito do autor do livro visado transcrevo, aqui, uma nota biográfica:

“João de Matos Cravidão nasceu em Cabeção, no dia 25 de junho de 1924. Descendente de uma família de serradores e negociantes de madeira naturais de Vieira de Leiria, foi aos cinco anos viver para Almeirim, onde concluiu o ensino primário. Em 1940, então com 16 anos, veio para Coruche para trabalhar na sociedade familiar que comercializava madeira. Durante os 63 anos seguintes João Cravidão trabalhou, em Coruche, como comerciante de madeiras na empresa que foi da sua família.

Para além da sua vida profissional foi um cidadão muito participativo na vida associativa coruchense. Entre os seus interesses destacam-se a pesca desportiva, o futebol amador, tendo entrado em campo pelo Grupo Desportivo Coruchense. Foi, além disso, um dos fundadores do Clube Ornitológico de Coruche, da Casa do Benfica e da Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche”

   

As ferramentas eram produzidas nas abegoarias/oficinas, normalmente utilizavam a madeira de azinho ou de freixo. Poucas se encontravam à venda.

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 Garlopa – plaina grande, usada para aplainar tábuas

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

A foto mostra-nos um utensílio de lavoura, no caso o encinho ou ancinho, é exemplo de uma peça produzida nas abegoarias.

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Créditos fotográficos: Paulo Fatela

  Revisão: Ana Paiva