PALAVRAS ESCRITAS
Este é o segundo post de poesia, na rúbrica Palavras Escritas. Trata-se de poesia inspirada na nossa terra, CORUCHE, do autor João Romão. Assiste-me uma dupla satisfação na publicação deste post, considerando o autor ser um jovem que revela sensibilidade e interesse não só pela poesia, mas também, pela nossa ruralidade (sem preconceito) e, pelo facto de ter confiado no Coruche à Mão para divulgação do seu projeto.
Esquiço Biográfico:
João Romão, é um jovem coruchense, nasceu a 18 de outubro de 1985 em Santarém. Fez a sua formação superior em direito, exerce a sua profissão nessa área e, também, como formador. Há relativamente pouco tempo regressou à sua terra natal e, por gosto pelas palavras iniciou um projeto de poesia, o qual pretende ver materializado em tempo. Contudo é esta forma de expressão artística que marca o regresso às suas origens.
Assim sendo, publico três poemas de João Romão, os quais são "ilustrados" com fotografias de Paulo Marques.
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RURALIDADE
do pouco fizeste muito
da pedra, farinha e pão
tens o verde no teu peito
assim é o teu coração
vives a vida dos simples
na fé tens a proteção
na saúde e na doença
segues o teu condão
da mão fazes alfaia
do campo a tradição
corta o choupo com a zagaia
a arte de fazer à mão
venham ceifeiras
venham máquinas
nenhuma te há-de vencer
vives a vida dos simples
assim é saber viver.
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VILA ENCANTADA
Noutros tempos passados
Vivias o bem viver
Os mouros e outros que tais
Não te souberam prender
Altos nobres, e reis
Conservaram o teu valor.
Ave noturna na torre
Qual alado protector
Corujas à tua volta
Pousam , no ocaso do sol posto
Vêm na noite mansinha
Alumiar as tuas faces no rosto
Mitos e lendas que contam
No apogeu da tua entrada
Teu lúgubre condão
É seres Coruche, vila encantada.
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VIVÊNCIAS
por mim percorro sorraias
ansiando chegar ao mar
caminhando pelas praias
na esperança de voltar
na volta não tragas nada
não vale a ocasião
tens a vila em teu regaço
no castelo o coração
gentes ávidas de ser
saber sabendo mais
não voltes para percorrer
os doirados arrozais
simples, belo e natural
canta o pardal a canção
poisado no salgueiral
a confortar seu coração
em tuas águas me banhei
e nelas musas não vi
em mil vivências encontrei
uma memória de ti.