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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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GASTRONOMIA

PÁSCOA

São cada vez menos as pessoas que  seguem à risca o jejum imposto no período da quaresma (não comer carne na sexta feira santa), o mesmo não se pode dizer das tradições gastronómicas associadas à Páscoa, considerando ser a festa mais importante do mundo cristão.

Com origem no hebraico Peseach, a Páscoa começou por ser uma festa judia que  significa passagem ou transição. A Páscoa cristã é uma adaptação das celebrações judaicas, em que se celebra a libertação do povo Judeu e a passagem para a Terra Prometida com a travessia do Mar Vermelho, liderada por Moisés.

Para os primeiros cristãos, a data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo e a semana anterior à Páscoa é considerada a Semana Santa, que tem início no Domingo de Ramos, que marca a entrada de Jesus em Jerusalém.

Em Portugal, a festa comemorativa da morte e Ressurreição de Jesus Cristo está associada a vários costumes que ainda se mantêm e que incluem comer cabrito assado no forno e como sobremesas as amêndoas, os ovos de chocolate e o folar.

 

Cabrito, cordeiro ou borrego?

28783396_1779031052128894_4108902482197628670_n.jpCréditos fotográficos: Célia Recatia

 

Na Páscoa, a tradição manda comer cordeiro assado no forno. Este costume pode variar consoante a região do país, mas afinal é cabrito, cordeiro ou borrego? Vamos por partes: cabrito é a cria da cabra e do bode, o cordeiro (até 7 meses) é a cria da ovelha e do carneiro e o borrego é um cordeiro entre 7 e 15 meses. A carne de cordeiro é mais clara e macia que o cabrito, que tem um sabor mais suave. Já o borrego é uma das carnes mais apreciadas em Portugal, especialmente no interior do país. O cordeiro simboliza Cristo, filho e cordeiro de Deus, sacrificado em prol do rebanho (humanidade).

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa

 

Algumas receitas publicadas nos livros: Comeres de Coruche e Coruche à Mesa e Outros Manjares :

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Créditos fotograficos: http://media.rtp.pt/praca/wp-content/uploads/sites/37/2017/04/130.jpg

 

CABRITO FRITO 

Ingredientes:

Cabrito

Sal

Alho

Pimentão da horta

Vinho branco

Louro

Pimenta

Banha

 

Cabrito ou mesmo borrego; mas é melhor e mais usual cabrito.

Corta-se o cabrito em bocados de tamanho médio. É temperado com sal, alho, pimentão da horta, vinho branco, louro e pimenta (marina algumas horas).

Dá-se uma fervura ao cabrito num tacho bem tapado e com todos os ingredientes.

Quando começar a estar quase tenro, tira-se para fora do molho e frita-se em banha ficando bem lourinho.

Junta-se depois o molho em que foi cozido, passado pelo passador e deixa-se ferver um pouco.

Acompanha com batatas assadas no forno.

 

Preparação das batatas

Num tabuleiro, põe-se uma boa colherada de banha e deixa-se aquecer no forno juntando-se-lhe depois um pouco de água quente e a seguir as batatinhas que foram previamente esfregadas com sal.

Vão ao forno até ficarem assadas e lourinhas.

 In: “Comeres de Coruche”, Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche, 1993, pág. 22

 

BORREGO NO FORNO

De véspera tempera-se o borrego, depois de partido, com vinho branco, sal, colorau, pimenta, piripiri, louro, salsa bem picadinha ou mesmo picada no almofariz.

Num tabuleiro, deita-se azeite que cubra o fundo. Por cima deste umas cebolas às rodelas e depois borrego e, entre os pedaços, batatas pequenas que foram mergulhadas no infusório onde o borrego foi temperado, e pode juntar-se um pouco de molho. Por cima do borrego pode colocar-se uns bocados de banha, especialmente se o borrego tiver sido muito bem limpo de gorduras e peles. Vai ao forno a assar.

In: Labaredas, José – Coruche à mesa e outros manjares, Lisboa: Assírio e Alvim, 1999, pag.238

 

ENSOPADO DE BORREGO

Num tacho de barro levam-se a fritar as tiras de toucinho com um pouco de banha. Retira-se o toucinho e no pingo frita-se o borrego partido aos pedaços, depois destes terem sido passados por farinha. Depois dos bocados aloirados, deitam-se os dentes de alho, uma boa cebola picada miúda, uma folha de louro , três cravos de cabecinha, uns grãos de pimenta preta, ao consoante e um pouco de vinagre. Quando o já tiver  refogado com os restantes ingredientes ( e se limpou impecavelmente o borrego de gorduras, sebos e peles, é talvez conveniente neste momento juntar um pouco de banha de porco). Vai-se então juntando água a ferver, para o caldo, retificando-se os temperos de sal e vinagre, indo depois escaldar sopas de pão caseiro duro, podendo também juntar-se uns raminhos de hortelã.

Também, por vezes, quando a carne era pouca, se juntavam umas batatas cortadas às rodelas, sendo neste caso necessário adicionar mais água

In: Labaredas, José – Coruche à mesa e outros manjares, Lisboa: Assírio e Alvim, 1999, pag 245

 

 

Et voilá!!! Clotilde Fatela confecionou, no domingo de Páscoa cabrito assado no forno:

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 Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

Participação de Maria José Ruas dos Santos Caçador no desafio "TALEIGOS".

 

Neste post publico um conjunto de taleigos que amávelmente Maria José Ruas dos Santos Caçador partilhou com o Coruche à Mão. São peças que herdou da sua avó Talina e, mostram genuinamente os taleigos tradicionais. Os taleigos resultavam da reutilização de tecidos de algodão e eram formados por um conjunto de retalhos. Já em outros tempos se reutilizavam materiais, obviamente que as circunstâncias eram outras... Mas o principio mantem-se.

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Obrigado Zézinha

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

METAIS - LATOARIA, FERREIROS, RECORTES EM ZINCO E LATÃO, ESCULTURA - OBJETOS DECORATIVOS

Neste post publico duas fotografias que constam no livro Mãos com Alma, relativamente a peças recortadas em metal, nomeadamente zinco e latão. 

 

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Autor: Paulo Fatela

Titulo: Sagrada família

Designação: Presépios

Material: Latão

Dimensão: alt. 0.18m x larg. 0.19m

Créditos fotográficos: José Fatela

 

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Autor: Paulo Fatela

Titulo: Espanta-te

Designação: Espanta espiritos

Material: Zinco; guisos; cortiça

Dimensão: alt. 0.60m x larg. 0.20m

Créditos fotográficos: José Fatela

METAIS - LATOARIA, FERREIROS, RECORTES EM ZINCO E LATÃO, ESCULTURA, OBJETOS DECORATIVOS

FERREIROS

Os ferreiros em Coruche produziam essencialmente alfaias agrícolas (enxadas, machados, aros para caroças, etc.), até meados do séc. XX, sendo que a atividade foi-se esbatendo.

Heraldo Bentos, Arménio Marques Gil e Manuel Caldinhas, referenciaram vários ferreiros que tiveram atividade durante os anos 30 e 40 do séc. XX: António Luís; João Gonçalves; Francisco Nunes Melro; Alfredo José da Silva Nunes; Augusto David; Olímpio David; António Prates; João Prates;  António Rufo e Manuel Domingos.

Mais recentemente: António Dias; Florêncio Rosa;  Amílcar José Sampaio dos Santos e Paulo Jorge Maltês com produções exclusivas de enxadas e machados.

Atualmente no concelho de Coruche, mais concretamente no lugar de Azerveira - freguesia de Lamarosa, apenas Fábio Manuel Gonçalves produz enxadas e machados, não a tempo inteiro.

 

Enxada

A  enxada é usada para cavar a terra, iniciando o processo da sementeira. Permanece de utilização comum nas hortas, onde só recentemente  chegaram os instrumentos aratórios modernos de pequena dimensão.

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 Enxada

Créditos fotográficos: José Fatela

 

Machado

Machado da cortiça, diferencia-se dos machados comuns pela forma da lâmina, curva, e o cabo, rematado em cunha. Destina-se a extrair a cortiça do sobreiro.

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Machado

Créditos fotográficos: José Fatela

  

Fontes:

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, págs. 174, 175 e 176