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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

TECELAGEM

A visada neste post é uma daquelas artesãs que me faz lamentar o facto de eu não ter estrutura para a apoiar e incentivar a continuidade da sua arte, tudo me leva a crer que Lourdes Sousa faz parte do grupo "Os últimos artesãos de Coruche". Contudo não está no âmbito do Coruche à mão fazer análise relativamente ao desaparecimento, em Coruche, destas artes milenáres. Assim sendo,  fica aqui o registo de alguns que fizeram percurso, no caso em tecelagem.

Hoje reporto um esquiço biográfico de Lourdes Sousa e duas peças por ela produzidas:

 

"Maria de Lourdes Luís de Sousa (Lourdes (Sousa) nasceu em 1968, em Santarém.

Foi em Coruche que cresceu, passou a adolescência e parte da vida adulta. Fez formação na área do artesanato, no Instituto Ricardo Espírito Santo nos anos de 1992 e 1993 e no CEARTE de 1994 a 1997.

Em 2002, por razões familiares, optou por mudar a sua residência de Coruche para Castelo de Vide, onde instalou um atelier/loja de artesanato, a maioria das peças que comercializava eram executadas por si.

Uma das áreas do artesanato a que mais se dedicou foi a tecelagem, executando cortinados, toalhas, etc."

 

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 30.

 

 

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 Designação: Colete

Material: Linho com tela de cores e ráfia

Dimensão: 034m x 0.65m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

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  Designação: Cortinado

Material: Linho 

Dimensão: 1.35m x 1.95m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

Hoje reporto um esquiço biográfico de Maria Marques e foto de uma peça por ela produzida:

 

"Maria Augusta Marques (Maria Marques)

Nasceu em 1934, no Couço - Coruche. Aos dez anos de idade, depois de ter concluído a instrução primária, foi par Abrantes como aprendiz de tecedeira. Após terem sido adquiridos os conhecimentos básicos regressou ao Couço.  Por um conjunto de circunstâncias sociais da época foi obrigada a trabalhar no campo.

Maria Augusta casou-se e teve dois filhos. Só em 1986, através de um homem de cultura, o coucenses José Labaredas,  inicia a atividade na Câmara Municipal de Coruche produzindo peças de tear e dando formação nessa área."

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 28.

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 Designação: Colcha

Material: Algodão 

Dimensão: 1.30m x 1.90m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

MÃOS NA MÚSICA

Sociedade de Instrução Coruchense (SIC)

 

A Sociedade de Instrução Coruchense foi constituída em 9 de abril de 1896, sendo a mais antiga associação em Coruche.

Os seus fundadores foram Artur Peixoto Ferreira (Landal), David Augusto da Silva Sousa, Miguel Teotónio Mendanha, João Maria Gonçalves Júnior, António Lopes Carvalho e Joaquim Valério dos Santos.

Na base da sua existência estiveram desde sempre trabalhadores por conta própria, barbeiros, alfaiates, sapateiros, albardeiros, funileiro, marceneiros, entre outros, residentes na vila de Coruche, manifestando-se logo desde o início uma enorme pluralidade de proveniências geográficas, profissionais e graus de escolaridade.

 

A histórica da SIC cruza-se com várias gerações. Durante longos anos a SIC teve uma atividade cultural relevante, sendo exemplo disso os encontros de bandas regionais e das festividades. A SIC foi, em tempos, a única presença cultural de destaque nas programações festivas de Coruche.

 

Ao longo de mais de um século foram vários os Regentes e Maestros que passaram pela SIC, nomeadamente:

 

Joaquim Valério dos Santos (1.º regente)

José Alboim Foes

Capitão Serra e Moura

António Joaquim Ferreira Andrade

Manuel Vargas

José Esteves Graça

Capitão Fontora Rebelo

António Pereira Preguiça

Luís de Castro

Raul Moreno

António de Almeida

Frederico Coelho Vargas

Basílio Monteiro

Elói José

Tenente José Alves Ribeiro

Portalete

Alberto Nunes Formigão

Ricardo Vieira

José Marquês

Armando Reigota

Gualberto Fonte Santa

Rogério Paulo Martins da Silva

Carlos Eduardo Gaudêncio da Silva (atual regente-maestro)

 

O meu avô João foi músico na SIC e eu tenho memória disso, bem como de uma fotografia emoldurada que estava colocada num dos compartimentos da casa dos meus avós. Essa fotografia ficou na minha posse e, mais tarde, oferecia-a à Banda, quando o meu amigo António João Bacalhau foi diretor da coletividade.

 

Fonte: Bacalhau, António João – “Memória da SIC” ,editado aquando do centenário da SIC – 1896-1996

 

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Revisão: Ana Paiva

 

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 1960 -  Fotos: Arquivo Câmara Municipal de Coruche

 

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2015 -  Fotos: Arquivo Câmara Municipal de Coruche

 

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 2016 -  Créditos fotográficos - Ernesto dos Santos 

MADEIRAS - MARCENARIA, CARPINTARIA, RESTAURO

Este post pretende mostrar as principais ferramentas outrora utilizadas pelos carpinteiros nas abegorias, em regra eram feitas pelos próprios. Normalmente utilizavam a madeira de azinho ou de freixo.

 

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garlopa - plaina grande, usada para aplainar tábuas

 

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rebaixador - para fazer rebaixos em tábuas

 

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guilherme-parafazer correções em juntas de madeira

 

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plaina pequena - para desbaste em superfície lisa

 

 

 

 

 

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plaina de asa - para usar em pequenas superfícies

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 plaina de volta - para aplainar superfícies curvas

 

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Machadinha, com mais de 80 anos, da família Cravidão "Instrumento utilizado pelo madeireiro para fazer a contagem das árvores a abater, calcular o seu valor e fazer uma oferta ao proprietário. Fazia uma pequena marca, com a lâmina, em cada árvore, do lado (de dentro)". Depois de cortadas, marcava cada toro, com as iniciais, de um lado e de outro; quando o toro levava duas marcas de cada lado"

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Serra de sambrar

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Serra

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Serra de rodear 

 

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 Esquadro 

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 Esquadro pequeno

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 Suta

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 Meia esquadria

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Rodas - para medir as rodas das carroças

 

 

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Serrote de traçar

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Machados 

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Pedra de afiar 

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Couto 

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Lima de folha de oliveira 

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Traveira 

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 Desempenadeira - para desempenar superfícies

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Compasso de volta - para medir peças pequenas

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Compassos de bicos - para medir grandes superfícies 

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Arco de pua - para fazer furos

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Goiva - para fabrir furos redondos

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Bedame - para abrir furos estreitos

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 Nivel de madeira caixa - para nívelar superfícies

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Enxó  - para desbastar superfícies 

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Verruma - para fazer pequenos furos 

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 Graminho - para traçar paralelas

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 Graminho - para fazer rasgo nas dornas

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Moldes - para várias aplicações

 

Fonte: Cravidão, João - A Madeiras em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche”, Coruche: Museu Municipal/Câmara Municipal, 2015, págs. 27, 28, 93, 94, 95, 96, 97 e 98 (peças propriedade de Simão Nunes)

PELES E COUROS - CORREEIROS, SAPATEIROS, PEÇAS DECORATIVAS E ÚTEIS

Para iniciar esta rúbrica publico um bonito texto produzido pelo meu amigo Joaquim Santos, que teve a gentileza de partilhar e colaborar no Coruche à mão. 

 

"Lembranças de outros tempos….

 

A mente humana é um lugar desafiante onde, entre outras coisas, está muita informação guardada.  Alguma dessa informação que vai sendo revelada ao longo da nossa vivencia faz parte do mistério da vida….

Desta forma dei por mim a pensar como e onde terei eu aprendido o significado da palavra Burnil,  a mesma que também é conhecida na gíria como Mulim, Melim ou Moleira. O que é e para que serve?

A primeira vez que ouvi estas palavras foi num mundo que já não existe, que faz parte do meu imaginário. Era um mundo onde eu cabia dentro de uma cesta de verga, que a senhora minha Avó orgulhosamente usava nas idas diárias ao mercado municipal de Coruche. Recordo-me de muita gente em meu redor. Tudo era gigante, as bancas preenchidas de vendedores de produtos hortícolas frescos, peixe, carne, bolos de mel (meus preferidos), era uma azafama total. Percorríamos demoradamente todas as bancas em busca dos produtos mais frescos ou simplesmente para que a senhora minha avó cumprimentasse cada uns dos vendedores(as).

Era uma vivencia cheia de cores e cheiros e nesse percurso havia também lugar a outro dos pontos altos da manhã. A visita às traseiras do mercado, onde por entre o amontoado de carrinhas e carros ainda restavam as ultimas carroças e respetivas mulas, que aguardavam pacientemente que seus donos vendessem os seus produtos para voltarem a casa.

 Foi numa dessas visitas que me foi apresentada a peça fundamental no equilíbrio da relação entre a carroça e a tração animal e o seu condutor e que se destacava pela sua exuberância na decoração. O Burnil, Mulim, Melim ou Moleira.

De que é feito? Pelas mãos sábias de artesãos antigos fazia-se o Mulim de um braçado de palha entrançado com uma determinada configuração e medida. Era revestido a cabedal, cozido à mão e decorado com apliques de lã de cores variadas e garridas. Cada Mulim, representava na sua decoração a zona do país a que pertencia, bem como, o bom gosto do seu proprietário. Era comum serem ricamente decorados com apliques de lã ao longo do “castelo”, reforçado com pequenos guizos, espelhos, apliques de tecido de cores garridas, enfim tudo era válido para dar nas vistas e tornar aquele conjunto ainda mais interessante e vivo.

A função desta peça é simplesmente a de proteger o pescoço  do animal na zona da entrada do garrote de forma a que o animal consiga sem desconforto puxar a carroça. Nesta peça encostava a canga da carroça, que depois de bem apertada pela “tiradeira” e pela “barrigueira” ajustava na perfeição a carroça ao animal que a iria puxar.

O Mulim é composto por um Arco ou Arção, parte interior que envolve o pescoço do animal e pelo Castelo que pode ter vários tamanhos . Naturalmente que quanto maior  o Castelo, mais festivo e ornamental se torna. Contudo, os mulins de trabalho têm normalmente castelos pequenos de forma a não embater em árvores baixas quando utilizados para lavrar, por exemplo; Na parte superior do Mulim e atrás do Castelo existe o vaso onde encaixa a canga da carroça e se fixam os cangalhos; a sua zona inferior é rematada pelas “orelhas” ou “bolas”, onde se aperta os dois gomos do Mulim e se ajusta em redor do pescoço do animal atando com o atilho, onde se encaixa a guizeira.

Passei os anos seguintes a ver no sótão da minha avó um Mulim pendurado. Resistiu anos à poeira e a outros condicionalismo e mais tarde chegou até mim. É uma peça da história e a prova viva de um mundo rural que já não existe. Desta peça dependia o rendimento da tração animal nos trabalhos agrícolas, transporte de géneros e pessoas, que com o evoluir dos tempos foi sendo substituída por outras formas mais modernas e mais adaptadas à realidade atual até às máquinas agrícolas.

Existem relíquias destas  em vários sótãos e arrecadações esperando a sua oportunidade de serem restaurados ou recuperados para orgulhosamente contarem a sua historia, ou simplesmente mostrados e postos a uso. Poucos são já os mestres capazes de os recuperar e cada vez há menos interessados na sua utilização. Mas ainda assim ainda existe quem teime em não deixar estas peças ao abandono, retrato de vivências de um Portugal rural difícil e duro."

 

Joaquim Santos

"Escreve ainda num misto entre novo e antigo acordo ortográfico. Um curioso sobre questões ligadas à etnografia."

 

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Vista geral de um mulim

Créditos fotográficos: Ana Marques

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Pormenor do castelo

Créditos fotográficos: Ana Marques

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Orelhas e atilho de prender

Créditos fotográficos: Ana Marques

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 Adornos no topo do castelo

Créditos fotográficos: Ana Marques

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 A mula Mourisca e o seu mulim

Créditos fotográficos: Ana Marques

 

GASTRONOMIA

AS AROMÁTICAS (ervas) 

No âmbito da rubrica de gastronomia  venho colocar no Coruche à mão alguma informação de ervas aromáticas existentes em Coruche, as quais dão sabor e perfumam os melhores pratos tradicionais e elevam as experiências mais contemporâneas.

Assim o enfoque, neste primeiro momento, vai para o alecrim e a hortelã.

 

ALECRIM (Rosmarinus officinalis)

O alecrim é um arbusto comum na região do Mediterrâneo, desenvolve-se preferencialmente em solos de origem calcária. Devido ao seu aroma característico, o romanos designaram-no como rosmarinus, que em latim significa orvalho do mar. É um arbusto muito ramificado, sempre verde, com hastes lenhosas, folhas pequenas e finas, opostas, lanceoladas.

A parte inferior das folhas é de cor verde-acinzentado enquanto a superior é verde brilhante. As flores reúnem-se em espiguilhas terminais e são de cor azul ou esbranquiçada. O fruto é um aquênio. Floresce quase todo o ano e não necessita de cuidados especiais nos jardins.

Toda a planta exala um aroma forte e agradável. Utilizada com fins culinários, medicinais e religiosos, a sua essência também é utilizada em perfumaria, como por exemplo, na produção da água-de-colónia.

A sua flor é muito apreciada pelas abelhas produzindo assim um mel de extrema qualidade. Há quem plante alecrim perto de apiários, para influenciar o sabor do mel.

Devido à sua atratividade estética e razoável tolerância à seca, é utilizado em arquitetura paisagística.

O alecrim é facilmente podado em diferentes formas e tem sido utilizado em topiária. Quando cultivado em vasos, deverá ser mantido de preferência aparado, de forma a evitar o crescimento excessivo e a perda de folhas nos seus ramos interiores e inferiores, o que poderá torná-lo um arbusto sem forma e rebelde. Apesar disso, quando cultivado em jardim, o alecrim pode crescer até um tamanho considerável e continuar uma planta atraente.

Fresco (preferencialmente) ou seco, é apreciado na preparação de aves, caça, carne de porco, salcichas, linguiças e batatas assadas.

A medicina popular recomenda o alecrim como um estimulante às pessoas atacadas de debilidade, sendo empregado também para combater as febres intermitentes e a febre tifóide.

Em templos e igrejas o alecrim é queimado como incenso desde a antiguidade. Na igreja Ortodoxa o seu óleo é utilizado até aos nossos dias  para unção. Nos cultos de religiões afro é utilizado em banhos e como incenso.

Fonte: https://www.google.pt/?gws_rd=ssl#q=wikipedia+ervas+aromaticas+alecrim

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 Créditos fotográficos: Ana Marques

 

HORTELÃ

A hortelã-verde (Mentha spicata), também conhecida como hortelã-de-leite, hortelã-das-cozinhas, hortelã-dos-temperos, hortelã-vulgar, hortelã-das-hortas, hortelã-comum ou simplesmente hortelã, é uma planta herbácea perene, da família Lamiaceae (Labiadas), atingindo 30 cm a 100 cm.

É uma planta originária da Ásia, mas prolifera  em todo o mundo, porque tolera bem diferentes condições climáticas, desde que não falte água. Em climas frios pode perder as partes aéreas no Inverno, sobrevivendo através dos seus rizomas, que só morrem se o solo congelar completamente.

É utilizada como tempero em culinária, como aromatizante em certos produtos alimentares, ou para a extração do seu óleo essencial. Por vezes, simplesmente cultivada como planta ornamental. É uma das plantas mais usadas do mundo.

É também utilizada como planta medicinal.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hortel%C3%A3-verde

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 Créditos fotográficos: Ana Marques

 

CEBOLINHO (Allium schoemoprasum)

 

O cebolinho, é uma planta originária da Europa é muitas vezes confundida com o allium  fistulosum, a qual é uma planta de origem asiática muito utilizada na cozinha do extremo Oriente. O cebolinho é uma planta vivaz, que se desenvolve em tufos muito densos. Apresenta folhas verde-escuras, roliças, que atingem no máximo 30 cm de altura. Em junho, cobrem-se de flores rosa-pálido, semelhantes a pompons. Tais flores devem ser imediatamente retiradas para que as novas folhas possam rebentar.

Relativamente à plantação é recomendado dar um espaçamento por metro linear, plantando de 0,20 x 0,10cm, aplicando entre 0,5 gramas de sementes a 0,6 por m². O broto germina no prazo de seis a catorze dias, conforme o local e método de plantação.

O solo deve ter textura média e ser bem drenado, podendo ser plantado o ano todo. Atinge cerca de 0,2 m de altura e pode ser colhida após um prazo médio de três a quatro meses, após a sementeira.

A plantação também poderá ser feita em vasos.

As folhas frescas têm um agradável e suave sabor parecido com o da cebola, sendo especialmente utilizadas cruas em saladas, em pastas de queijo fresco e também em pratos de ovos e queijo. Usam-se os talos em saladas de verduras e de batatas, omeletes e vários outros pratos com ovos. Podem ainda ser salpicados em sopas, batatas assadas, puré de batata ou servidos crus na decoração de pratos.

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Allium_schoenoprasum

Revisão Ana Paiva

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  Créditos fotográficos: Ana Marques

 

 SALSA  (Apium)

A salsa é cultivada há mais de trezentos anos, sendo uma das ervas aromáticas mais populares da gastronomia mundial.

A reprodução é feita por sementes. As sementes são colocadas num local ensolarado e em solo drenado que não seja demasiado compacto. Também pode ser cultivada em vasos fundos numa janela ensolarada. A germinação é lenta,  quatro a seis semanas.

A salsa fresca é rica em vitaminas e  ajuda o movimento intestinal, tem vários benefícios para a saúde e  também uso decorativo. É uma boa fonte de antioxidantes, ácido fólico, vitamina C e vitamina A. A salsa não deve ser consumida em excesso por mulheres grávidas. O seu sabor é suave tornando-a numa das mais populares ervas aromáticas, é universalmente utilizada em sopas, molhos, pratos de carne, de peixe, de marisco, omeletas e massas.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Salsa_(planta)

019.JPG Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

COENTROS (Coriandrum)

O coentro é uma erva aromática cuja origem é incerta, sabe-se que os antigos egípcios já a utilizavam para embalsamar os corpos e como planta medicinal (a eles se atribuíam propriedades digestivas, calmantes e, quando usado externamente, para alívio de dores das articulações e reumatismos).

Os gregos e os romanos  utilizavam o coentro em pratos e bebidas.

O coentro pode ser plantado diretamente no solo ou em vasos. A colheita poderá ser feita após aproximadamente 50 dias da plantação da semente. O ciclo de produção desta planta é relativamente curto, se comparado ao de outras plantas como a salsa.

O coentro é muito utilizado na cozinha indiana e árabe. Em Portugal, é bastante usado no Alentejo, para enriquecer pratos tais como as açordas, sopa de cação e carne de porco à alentejana, e também para temperar saladas. A região da grande Lisboa  também se rendeu ao seu aroma perfumado e passou a integrá-lo na sua alimentação.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Coentro

024.JPG  Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

 

 

 

 

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ E OUTROS

TECELAGEM

 

A tecelagem é milenar; acompanha o ser humano desde os primórdios da civilização. Está identificada com as próprias necessidades do Homem, de agasalho, de proteção e de expressão. São fibras de algodão, de lã, de linho, fiadas e tingidas por processos manuais, que nos teares, através das mãos do Artista, se unem em cores e formas.

É conhecida por ser uma das formas de artesanato mais antigo, ainda existente nos dias de hoje. Teve início no período neolítico, desenvolvendo-se ao redor do mundo, primeiramente no oriente com os chineses, hindus, egípcios. Na Europa com os gregos, romanos e a partir do século XIV com a Itália (veludos e brocados de Veneza, seda de Milão e Turim). Na França, no século XVI, com as tapeçarias Gobelin, Savonnerie. No século XIX a Inglaterra inventa o tear mecânico a vapor e a produção industrial em larga escala. Nas Américas, a tecelagem manual  começou nos Andes peruanos, com os aztecas. Teve nos povos indígenas os seus grandes artesãos nas três Américas.

Tecelagem é o ato de tecer, através do entrelaçamento de fios de trama (transversais) com fios de teia (longitudinais), formando tecidos. Os tecidos produzidos no processo de tecelagem são também conhecidos como tecidos planos ou de cala. Nos tecidos planos há somente duas posições possíveis para os fios de trama: ou ele passa por baixo ou passa por cima dos fios da teia.

A tecelagem propriamente dita pode ser resumida em três operações: abertura da cala: operação onde certos liços sobem e outros descem, para selecionar os fios da teia, formando duas mantas de fios, uma superior e outra inferior; inserção da trama; batida do pente.

O que determina os tipos de entrelaçamento do fio é o chamado debuxo e é realizado pela seleção dos fios da teia que sobem ou que descem para a formação da cala. Há três padrões (desenhos) básicos de tecidos: a tela (também conhecida por tafetá), a sarja e o cetim.

Fontes: http://tearnobrasil.blogspot.pt/, 09.09.2015; http://sobretecelagem.blogspot.pt/, 09.09.2015; http://conceitotear.blogspot.pt/, 09.09.2015

Ana Paiva

 

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Fotografia no âmbito do espaço malhas, projeto Envolvências locais, Bienal de Artes  Coruche 2015

artesã: Lourdes Sousa

Créditos totográficos: Paulo Fatela 

 

“Udir a tela, tecer a vida”, é o título do livro que Ana Maria Braga da Cruz, escreveu (1991) a propósito de alguns dos mais interessantes projetos de revitalização de artes têxteis e através desta atividade encontramos a história da comunidade que os originou, a história de um momento de encontro e descoberta, tal como diz Spohia de Mello Breyner “ Como se o tecedor a si próprio se tecesse.”

 

A cultura do linho tem tanto de fascinante como de complexa: da sementeira ao tear, doze fases completam o ciclo: semear, arrancar, ripar, enriar, secar, malhar, marcear ou moer, espadear, assedar, fiar, dobar e tecer.

 

A este ritual, junta-se um tear manual e a arte magistral do trabalhador, a arte feita sabedoria adquirida ao longo de gerações e enriquecida através dos tempos e felizmente preservada em aldeias e serras de Portugal.

Em Coruche, a memória leva-me a duas tecedeiras: Maria Augusta Marques e Maria de Lourdes Luís de Sousa.

 

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 53.

 

 

Ensalmo de Santa Luzia

Santa Luzia

Três filhas tinha.

Uma curava,

Outra desfazia,

Outra três novelos

Na mão trazia:

Um com que urdia,

Outro com que tecia,

Outro com que névoas,

Cataratas e belidas,

Unheiros e carnigões

Curava e desfazia,

E mais todo o mal

Que neste olho havia.

À milagrosa Santa Luzia,

Padre-Nosso e Ave-Maria.

 

Fonte: Etnografia Portuguesa, J. Leite de Vasconcellos, vol. 9, Lisboa: INCM, 1985, p. 482.

 

TEAR MANUAL

Ferramenta simples, que permite o entrelaçamento, de uma maneira ordenada, de dois conjuntos de fios, denominados trama e teia (ou urdume), formando, como resultado, uma malha denominada tecido (C).

Teia (A): é formada por um conjunto de fios tensos, paralelos e colocados previamente no sentido do comprimento do tear.

Trama (B): é o segundo conjunto de fios, passados no sentido transversal com auxílio de uma agulha, também denominada navete. A trama é passada entre os fios da teia, em movimentos de ida e volta, por uma abertura denominada cala. 

Pente (D): peça básica no tear pente-liço, que permite levantar e baixar alternadamente os fios da teia, para permitir a abertura da cala e posterior passagem da trama.

Cala (E): espaço entre os fios ímpares e pares da teia, por onde passa a navete com a trama (F).

A teia é colocada através do pente e os seus fios são mantidos com uma tensão constante. O movimento vertical do pente faz surgir a abertura denominada cala, por onde é passada a trama, sucessivamente de um lado para outro, entrelaçando-se desta maneira os dois conjuntos de fios.

 

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Estrutura de um tecido plano

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Pesos de tear do período romano encontrados no vale do Sorraia, presentes na exposição “Coruche: o Céu, a Terra e os Homens”, patente no Museu Municipal.

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