Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

coruche à mão

preservar memória / criar valor

coruche à mão

preservar memória / criar valor

PAPEL – FIGURADO, FLORES DE PAPEL, ENCADERNAÇÃO

As festas em honra de Nª Srª do Castelo - Padroeira de Coruche estão muito próximas, a minha memória leva-me para os anos 70, período em que o figurado de Alberto Potier era exposto nas montras do comércio na vila de Coruche.

Há cerca de cinco anos algumas das peças foram restauradas, no âmbito do meu livro Mãos com Alma,  fazem parte do acervo do museu municipal de Coruche, contudo, estão encaixotadas. Assumo que gosto imenso das peças referidas neste post, pela sua plasticidade, escala, detalhe...

 

 Esquisso biográfico

Alberto George Potier nasceu no século XIX, 1880, em Santa Catarina, Lisboa, filho de Augusto Potier e de Elizabeth George; teve três casamentos e dez filhos, seis do primeiro matrimónio e quatro da terceira relação.

Alberto Potier foi engenheiro Civil,  viveu alguns anos em Bragança / Mirandela, tendo exercido funções na CUF e Junta Autonoma das Estrada e sido, também, proprietário de uma fábrica de brinquedos em pasta de papel, em Lisboa.

O seu vínculo a Coruche deve-se ao primeiro casamento com Cristina Júlia de Menezes Alarcão. Por impulso iniciou a produção de miniaturas em pasta de papel, figuras (imitação do real) relacionadas com a atividade agrícola de Coruche (campinos, toiros, trabalhadores rurais em atividade).

Algumas peças produzidas por Alberto Potier, estiveram integradas na exposição do Museu do Brinquedo, Sintra, encerrado há relativamente pouco tempo, e também têm sido objeto de investigação por parte do prof. Manuel Miranda. 

Fontes:

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 10, 146, 147.

Informações prestadas pelo sr. José Manuel de Sousa Potier, neto de Alberto George Potier (comentário do presente post)

 

 

DSC_0312.jpgTitulo: "Um lavrador"

Material: Pasta de papel

Dimensões: alt. 0.21m x comp. 0.20m x larg. 0.07m

Créditos fotográficos: João Costa Pereira

DSC_0310.jpg

Titulo: "Moda polquiada"

Material: Pasta de papel

Dimensões: alt. 0.14m, diâmetro: 0.34m

Créditos fotográficos: João Costa Pereira

 

DSC_0302.jpg

Titulo: "Eia toiro lindo!!! - 1954"

Material: Pasta de papel

Dimensões: alt. 0.16m x comp. 1.02m x larg. 0.17m

Créditos fotográficos: João Costa PereiraDSC_0304.jpg

Titulo: " A volta do casamento" - 1958

Material: Pasta de papel

Dimensões: alt. 0.20m x comp. 0.40m x larg. 0.16m

Créditos fotográficos: João Costa Pereira

 

 

 

REPRESENTAÇÕES PICTÓRICAS DE CORUCHE E OS SEUS PROTAGONISTAS

Em Coruche há artistas no âmbito das artes visuais que expressam, em papel ou tela, com vários pigmentos e outros materiais, alguns inovadores, as mais diversas representações de Coruche, o seu património edificado, as paisagens urbanas e outras...

 

Helena Diogo Claro é natural de Coruche, Mestre em Design e Cultura Visual no ramo de especialização de Design de Produção de Ambientes, pela Escola Superior  de Design de Lisboa, é atualmente Técnica Superior no Museu Municipal de Coruche, onde desenvolve trabalhos nas áreas de educação e do design.

Frequentou o ensino secundário na Escola Dr. Gienestal Machado de Santarém, na área de Artes Visuais, licenciando-se no ano de 1998 em Design pela Escola Superior de Design de Lisboa.

Foi professora, no ensino público, de Desenho, Design, Multimédia, História das Artes, Geometria Descritiva Artes Visuais durante dez anos.

Em outubro de 2001 faz a primeira exposição, na galeria da Junta de Freguesia de Coruche. No mesmo ano é convidada a participar no primeiro salão de artesanato de Coruche, Foi membro da CORART – Associação de Artesanato de Coruche e vice-presidente, de 2001 a 2005, onde desenvolveu vários projetos e participou em diversas mostras de artesanato. Em 2004, na Galeria de Artes e Ofícios da CORART, realiza nova exposição individual de pintura, Lecionou diversos cursos de pintura: aguarela em 2003, óleo (iniciação) de 2003 a 2005.

No ano de 2008 termina o Mestrado em Design e no mesmo ano profissionaliza-se como professora pela Escola Superior de Setúbal.

Desenvolveu vários projetos de design de interiores e gráficos, bem como trabalhos de ilustração. Realiza trabalhos de pintura a óleo, carvão, pastel e aguarela, pintura cerâmica, madeira, Têxtil e mural e crua peças de bijutaria.

Em 2013 participou na Bienal de Artes Plásticas de Coruche / Envolvências Locais.

 

Em baixo temos uma pequeníssima mostra de três telas, as duas primeiras intitulam-se "Namoro" e a última "A noiva", trata-se de pintura a óleo s/ tela e representam figuras do povo anos 20/30.

 

IMG_6508.JPG

IMG_6509.JPG

IMG_6510.JPG Créditos fotográficos: Helena Diogo Claro

FIGURAS ICÓNICAS

O meu amigo Hélder Roque partilhou com o Coruche à mão fotos no âmbito do desafio “Património Edificado”, nomeadamente de edifícios com revestimentos em azulejo, algumas referem-se a um  edifício cujo proprietário é  Nobel da arquitetura paisagista,  arqtº Gonçalo Ribeiro Telles.

DSC_0450.JPGCréditos fotográficos: Hélder Roque

Assim,  este post tem como objetivo introduzir em contexto do Coruche à mão o arqtº Ribeiro Telles, figura icónica, notável da  sociedade contemporânea.

 

 

Esquisso Biográfico

 

Gonçalo Ribeiro Telles nasceu em Lisboa, a 19 de Maio de 1922. A sua juventude foi passada entre Coruche e Lisboa, considerando que o seu pai era natural de Coruche e aí viviam familiares, aos 2, 3 anos veio a Coruche pela primeira vez para ser mostrado ao seu avô.

Licenciou-se em engenharia agrónoma e fez um curso livre de arquitetura paisagista. Iniciou a sua vida profissional como assistente universitário, tornando-se discípulo de Francisco Caldeira Cabral. Mais tarde seria professor catedrático convidado da Universidade de Évora, criando as licenciaturas em arquitetura paisagista e em engenharia biofísica.

Iniciou a sua intervenção pública como membro da Juventude Agrária e Rural Católica. Com Francisco Sousa Tavares fundou, em 1957, o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiria o Movimento dos Monárquicos Populares. Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se publicamente contra as políticas de urbanização vigentes.

Em 1969 integra a Comissão Eleitoral Monárquica, que se junta às listas da Ação Socialista Portuguesa, de Mário Soares, na coligação Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), para concorrer à Assembleia Nacional. Em 1971 ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica.

Após o 25 de Abril, fundou o Partido Popular Monárquico. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III  Governos Provisórios, e Secretário de Estado da mesma pasta, no I Governo Constitucional. Em 1979 integrou a Aliança Democrática, liderada por Francisco Sá Carneiro, coligação através da qual foi eleito deputado à Assembleia da República, em 1980 e em 1983. Entre 1981 e 1993 integrou o VIII Governo Constitucional, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida. Durante o seu ministério, assume um papel preponderante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, ao criar as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, de as bases do Plano Diretor Municipal.

Em 1984, após sair do governo e já afastado do PPM, fundou o Movimento Alfacinha, com o qual se apresentou candidato à Câmara Municipal de Lisboa, conseguindo a eleição como vereador. Em 1985 regressa à Assembleia da República  como deputado independente, eleito nas listas do Partido Socialista. Em 1993 fundou o Movimento o Partido da Terra, cuja presidência abandonou em 2007.

Entre os seus projetos, são de assinalar o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Barreto - recebendo o prémio Valmor de 1975; o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, em 1996; e o conjunto de projetos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal de Lisboa, das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa, e que se encontram hoje em diferentes fases de implementação: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.

Em 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional no âmbito da arquitetura paisagista.

 

O arqtº Gonçalo Ribeiro Telles tem atualmente 94 anos de idade.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_Ribeiro_Telles

Catálogo da exposição temporária “Coruche na obra do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, patente no Museu Municipal de Coruche, Agosto de 2005

 

021.JPG

 

Catálogo da exposição temporária “Coruche na obra do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, patente no Museu Municipal de Coruche, Agosto de 2005

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

PATRIMÓNIO EDIFICADO

Ermida de Nª Srª do Castelo

 

" A vila de Coruche fica à margem direita do Sorraia, no sopé de um monte alto (89 m) que a domina do lado N e em cujo topo se erguia, no tempo dos mouros, um castelo, que era um miradoiro estratégico de primeira ordem para toda a vasta região da esquerda do Tejo.

Esse castelo , de que a vila parece ter herdado o nome, foi tomado aos mouros e 1166 por D. Afonso Henriques, e reparado no ano seguinte, segundo se deduz da Chronic Gothorum (P.M.H., Scriptores, p. 15-16). Os almóades reapossaram-se dele em 1180, mas destruiram-no e levaram cativos os moradores. Dois anos depois o rei de Portugal voltou a ocupar o local, restaurou o castelo e reprovou-o concedendo foral aos moradores. 

Hoje nada resta dessa velha fortaleza, cujo sitio constitui o adro ou rossio da modesta ermida da Senhora do Castelo."

 

Ribeiro, Margarida, Estudo hístórico de Coruche, Edição Câmara Municipal de Coruche, 2009, pág. 55

 

Registo fotográfico da ermida de Nª Srª do Castelo,  de três fotografos colaboradores do Coruche à mão. Obrigado Hugo, Zé e Ernesto  

13166089_1101154113279534_683784929451347776_n.jpg

 Créditos fotográficos: Hugo Lourenço 

13051536_1159643800713346_3895754690067391237_n.jp

 Créditos fotográficos: José Cordeiro

13151846_683583261780567_4179077171364348589_n.jpg

  Créditos fotográficos: Ernesto dos Santos

TINTAS - CERÂMICA, MADEIRA, TÊXTIL, PORCELANA, AZULEJO

Azulejo

Azulejo é a palavra portuguesa que designa uma placa cerâmica quadrada com uma das faces decorada e vidrada. A sua utilização é comum a outros países como Espanha, Itália, Marrocos, etc., mas Portugal assume importância no contexto universal da criação artística.

O azulejo é um elemento identificativo da cultura portuguesa, considerando que a azulejaria é desenvolvida em Portugal há cinco séculos; a sua aplicabilidade como elemento que estrutura as arquiteturas, através de grandes revestimentos nas fachadas dos edifícios e no seu interior e pelo modo como tem sido entendido, não só como arte decorativa mas como suporte de renovação do gosto e de registo do imaginário.

As primeiras utilizações remontam ao século XVI (influência hispano-mourisca). Ao longo dos séculos vários momentos importantes e influências aconteceram (ex: Rococó, Neoclassicismo, etc.) até hoje. A expo´98 permitiu verificar a atual pertinência do uso do azulejo, onde o edifício do Oceanário é um bom exemplo.

 

A propósito de azulejos e daqueles que no percurso de vida tiverem ou têm relação com estes elementos artísticos em Coruche, o primeiro destaque recai sobre o mestre Esteves / Relvas.

José David Esteves nasceu em Lisboa, em 1927, iniciou com 17 anos de idade o seu percurso, na Fábrica Viúva Lamego, como modelador de cerâmica. Durante 17 anos contactou de muito perto com grandes figuras das artes plásticas, como Querubim Lapa, Leopoldo Almeida, Almada Negreiros, Manuel Cargaleiro, Jorge Barradas, Estrela Faria, entre outros. Em 1961 rumou a Lourenço Marques – Moçambique. Muito embora nessa fase a sua atividade principal não fosse associada às artes, manteve o interesse, o que o levou a colaborar, mais tarde, com a escultora alemã Ula Hanzel e também com Querubim Lapa nos painéis de entrada do Banco Nacional Ultramarino de Maputo. Regressou a Portugal em 1977, mas só um ano mais tarde voltou às artes plásticas, ao se envolver no projeto Cerâmica Artista ML Valente, Lda. Três anos mais tarde fixou residência em Coruche, aliciado pelo projeto Cerâmica Artística e, em 1981, inicia funções na Câmara Municipal de Coruche, primeiramente como desenhador. Todavia, foi nas artes plásticas que veio a centrar posteriormente toda a sua atividade. São inúmeros os trabalhos que realizou no concelho de Coruche, sendo que muitos deles podem ainda ser apreciados, tais como os painéis de azulejos do Pavilhão Municipal, das creches da Azervadinha e da Quinta do Lago, do lar de idosos da Lamarosa, as placas toponímicas da vila, o busto da República existente nos Paços do Concelho, entre muitos outros. No ano de 2002 foi-lhe atribuído um espaço de atelier no Museu Municipal de Coruche, onde  desenvolveu trabalhos diversos. O modelador/ceramista Relvas, como sempre assinou todos os seus trabalhos e por cujo nome ficou conhecido, faleceu em 2005.


Fontes:

Catálogo da exposição temporária “Coisas da Idade”, patente no Museu Municipal de Coruche de 31 de maio a 13 de julho de 2003.

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014.

 

20091227 José David Esteves HR (2).jpg

Relvas

Designação: Mural

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 1,98m, comp. 4.30m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

DSC03988.jpg

Relvas

Título: Fumeiro

Designação: Painel

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 0,45m, comp. 0,45m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

DSC04067.jpg

 Relvas

Designação: Placa toponímica

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 0,45m, comp. 0,45m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

DSC04128 (1).jpg

 Relvas

Designação: Placa toponímica

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 0,35m, comp. 0,45m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

Revisão: Ana Paiva

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

TRAJES

No sentido de dar continuidade ao post sobre trajes tradicionais, publico mais uma fotografia, na circunstância um vestido de noiva, anos 30.

Trata-se de um vestido cujo tecido é "marrocan de lã" bordado com missangas, esta peça foi executada em ateliers do CRIC, tendo como formadora Joaquina Mendanha. 

A fotografia foi produzida no âmbito do livro Mãos com alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche.

PICT0007.JPGCréditos fotográficos: Carlos M. Silva

Modelo: Teresa Neves

 

in: Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, p 89.

GASTRONOMIA

Pão nosso...

IMG_7001.JPG

  Créditos fotográficos: José Fatela

 

DSC00338.JPG Créditos fotográficos: Ana Marques

 

O meu amigo Amorim Alves, aquando da apresentação do Coruche à mão, fez pão cozido em forno de lenha. Na sequência desse momento publico mais alguma informação associada à produção de pão.

 

Utensílios usados no preparo do forno

O rodo, a pá e o forcado são os utensílios usados para preparar o forno e manobrar o pão durante a cozedura. O forcado tem a função de empurrar a lenha para dentro do forno, o rodo para remover as brasas, a pá para dispor o pão dentro do forno e, depois da cozedura, retirá-lo.

 

Amassadura do pão

Preparar a massa com farinha, água morna, fermento de padeiro, uma pitada de sal e amassar tudo muito bem.

Tradicionalmente é evocada a proteção dos santos para que a massa cresça e o pão fique bom.

 

Aquecimento do forno a lenha

Enquanto a massa repousa para levedar, o forno é aceso e aquecido, com lenha pequena, nomeadamente vides. É empurrada para dentro do forno com a ajuda do forcado.

 

Alguidar de massa  lêveda

Ao levedar, a massa duplica de tamanho e cria bolhas de ar no seu interior.

Nesta fase a massa está pronta para ser cortada nos tamanhos desejados, tendida na forma de pão e levada ao forno a cozer.

 

Fonte: SILVA, Vera Alexandra Rego da – O Moinho do Xico, Lourinhã: Câmara Municipal, 2016.

SUNP0014.JPG

SUNP0016.JPG

SUNP0018.JPG

SUNP0013.JPG

SUNP0017.JPGCréditos fofográficos: Amorim Alves 

Revisão: Ana Paiva