GASTRONOMIA
TOURO BRAVO
O uro ou auroque foi um animal que viveu no período do Neolítico, em quase toda a Europa, e que alguns sustentam deu origem ao TOURO, outros consideram que é descendente do touro africano, introduzido pelos Cartagineses, cruzados na península com o dos Celtas
Existem vários tipos de touros, nomeadamente os domésticos, que vivem em estábulos ou são criados em pastagens e se destinam para o trabalho e alimentação humana, e os selvagens ou de lide, que vivem nos campos e lezírias.
O touro de lide, que se conserva na península Ibérica, distingue-se pela bravura da sua investida.
Fonte: Lexioteca – Moderna Enciclopédia Universal, edição Círculo de Leitores, pág. 275.
Créditos fotográficos por João Dinis
Perde-se no tempo a relação da tauromaquia com o concelho de Coruche.
Coruche é dos poucos concelhos no país, se não o único, onde podemos encontrar todos os elementos ligados à tauromaquia.
Existiram e existem várias ganadarias, nomeadamente de António Silva, Vale Sorraia, David Ribeiro Telles, Lopes Branco, Herdeiros de Alberto Cunhal Patrício e outras.
Entre cavaleiros, forcados, matadores e bandarilheiros encontram-se figuras reconhecidas no panorama taurino, algumas já retiradas, como David Ribeiro Telles, José Simões ou os irmãos Badajoz.
Coruche foi um concelho de mão cheia no que respeita a figuras taurinas em todas as categorias profissionais, incluindo as de retaguarda, como o ferrador, o embolador, o correeiro, o alfaiate, o condutor do camião dos cavalos, o cocheiro, o moço de espadas.
A Praça de Touros de Coruche há décadas que é palco das designadas corridas de toiros, sobretudo nas tradicionais festas em honra de Nossa Senhora do Castelo.
Foto arquivo Câmara Municipal de Coruche
Arquivo - Museu Municipal de Coruche
Arquivo Fotográfico Museu Municipal de Coruche
Fotografias de Carlos Brito
Corrida em Coruche, 1972.08.16
Cavaleiro: David Ribeiro Telles
Matador: José Simões
Forcados: Amadores de Coruche
TOURADA
A tourada é um espetáculo em que o artista, a pé ou a cavalo, executa a lide de touro bravo até lhe dar a morte (real ou simulada). Na Península Ibérica, como mostram as pinturas rupestres, já lidavam touros muitos séculos antes de Cristo. Praticada a tourada a cavalo durante toda a Idade Média, sobretudo como preparação da guerra, só a partir de 1726 começou a ser praticado o toureio a pé. Em Portugal a tourada praticou-se desde sempre, como provam as referências no livro Ensinamentos de bem cavalgar toda a sela, de D. Duarte.
Fonte: Lexioteca – Moderna Enciclopédia Universal, edição Círculo de Leitores, pág. 274
O paradigma está a mudar, hoje há grupos de defesa dos animais que contestam as tradicionais corridas de touros, já não se verifica tanta regularidade na realização da festa brava.
Desde 2003 os corredores da praça de touros de Coruche passaram a ser palco do evento gastronómica “Sabores do Touro Bravo”, organizado pela Câmara Municipal.
São vários os restaurantes do concelho que povoam a praça de toiros, entre eles O Farnel, que partilhou no Coruche à mão uma receita de touro bravo. Obrigado Carlos Peseiro.
FICHA TÉCNICA
Naquinhos de vitela brava com carqueja
(4 pessoas)
Ingredientes:
- 800g de rojões de vitela brava
- Sal, pimenta, colorau q.b.
- 8 dentes de alho picados
- 2,5 cl de vinho branco e tinto (misturados)
- 4 cl de azeite
- Ramo de carqueja
- 4 folhas de louro
- 100g de banha
- 4 cebolas picadas
- 400g de batata roleira
- 1 molho de grelos
PREPARAÇÃO:
Temperam-se os rojões com sal, alho picado, louro, um pouco de pimenta e azeite o suficiente para ligar os ingredientes à carne. Deixe este preparado de um dia para o outro.
Num tacho coloca-se um pouco de azeite, banha e o preparado anterior; deixam-se corar os rojões. De seguida coloca-se a cebola picada, deixa-se corar novamente, tapa-se com a mistura dos vinhos e junta-se o ramo da carqueja. Tapa-se o tacho e deixa-se cozinhar até a carne ficar tenra.
Acompanhamentos:
Batata roleira temperada com sal, alho picado, colorau e azeite assada no forno, e grelos salteados.
Créditos fotográficos por Carlos Peseiro
Outra receita:
Naco de touro bravo
A carne de touro bravo tempera-se de véspera com sal, alho, cravinho, noz-moscada e louro. Deixa-se dentro de um recipiente em vinho tinto.
Num tacho coloca-se azeite, margarina e cebola picada. Deixa-se refogar um pouco e depois insere-se o naco de touro bravo e cobre-se com vinho. Coze durante duas horas.
Serve-se com batatas, ervilhas e cenouras cozidas.
No contexto do evento Sabores do Touro Bravo desenvolvi uma coleção e peças úteis e decorativas (pintura – acrílico s/ madeira, cerâmica e têxtil), as quais foram apresentadas em 2007. Foi produzido um catálogo com fotografia de Carlos Silva. Aconteceram várias exposições/vendas, mas o tempo encarregou-se de diluir a vontade de persistir contra uma corrente não identitária.
Créditos fotográficos por Carlos M. Silva
Revisão: Ana Paiva