Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

coruche à mão

preservar memória / criar valor

coruche à mão

preservar memória / criar valor

FIGURADO E OUTROS

FIGURADO EM MADEIRA

Mais um post sobre figurado, no caso são peças cuja matéria prima é a madeira,  de criação absolutamente naife. O artesão que produziu o figurado aqui reportado já faleceu, contudo grande parte das peças fazem parte de  um espólio particular, as quais encontram-se muito bem conservadas e, podem ser observadas num atelier em travª dos Guerreiros - Coruche.

Esquiço biográfico:

José Luís Rouxinol nasceu em 1921, em Coruche.

Começou muito novo a trabalhar,  a sua primeira atividade profissional  esteve associada às florestas, nomeadamente com o sobreiro. Nos períodos de descanso executava pequenas peças que reproduziam a sua realidade rural, mas arriscava a produzir outro tipo de peças, por exemplo tapetes de cortiça.

Reformou-se quando tinha sessenta e dois anos de idade.

Deixou de ter acesso fácil à cortiça, mas como tinha de adquirir lenha para aquecimento da casa, no período de inverno, decidiu fazer peças em madeira de pinho, eram bonecos que representavam mulheres e homens em diversas atividades.

O acabamento das peças eram feito com tintas de esmalte.

in: Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, pág 24, 25

Foto-01.jpg

Foto-02.jpg

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

Há algumas bordadeiras em Coruche que desenvolveram e desenvolvem diversas peças com bainhas abertas, hoje ilustro a referência a este trabalho artesanal com peças da artesã Loudes Sousa.

 

Bainhas abertas

As bainhas abertas constituem um trabalho em que se retiram fios ao tecido.

Há que referira a existência de dois pontos: o ponto a direito e o ponto cruzado. Com estas designações pretende-se colocar em evidência o facto de no ponto a direito se manipularem conjuntos de fios que são os mesmos que correm de cima a baixo do trabalho. No ponto cruzado, tal não acontece e o trabalho parece feito em viés ou na diagonal, conforme é referido por algumas bordadeira.

As bainhas abertas constituem uma técnica, que sobretudo valoriza toalhas e lençóis, embora desde sempre, tenha sido usada num contexto decorativo mais amplo. De há algum tempo a esta parte têm tido diversas aplicabilidades, nomeadamente em peças como cortinas ou cortinados.

Fonte: Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág 57

20100717 Toalhas HR (01).jpg

Bordadeira:Lourdes Sousa

Designação: Naperon

Bainhas abertas 

Dimensão: 1.10m x 0,65m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

20100717 Toalhas HR (7).jpg

Bordadeira: Lourdes Sousa

Designação: Toalha de rosto

Bainhas abertas 

Dimensão: 1,50m x 0,77m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

 

PELES E COUROS - CORREEIROS, SAPATEIROS, PEÇAS DECORATIVAS E ÚTEIS

Sapateiros

 

Com a industrialização do calçado e as alterações da sociedade os sapateiros passaram a dedicar-se à reparação de calçado. Em Coruche ainda há algumas exceções, como é exemplo o António José Salgueira, António Simão Domingos Pereira e Manuel Luís Cláudio, os quais através de encomenda produzem essencialmente botas.

 

Nos finais do séc. XIX até meados do séc. XX foram vários os sapateiros que desenvolveram atividade em Coruche, produziam calçado por medida, sobretudo botas, botins e tamancos (calçado usado no meio rural), para senhora, homem e criança.

 

Heraldo Bento referenciou-me alguns dos homens que se dedicaram ao ofício de sapateiro, em Coruche:

Vidigal Manaia; Luís Nunes Carrapo; Evangelista; João da Costa (João Custódio); António Casimiro; Roberto da Silva; Fausto da Silva; Elias & Filho; Victor Gomes; José Carvalho; António Júlio; Galveia; Eduardo Cardoso; António Raimundo Rodrigues (Nérinha); José Rosalino Cordeiro de Almeida; António Roberto; Emídio da Silva; Alcídes da Silva; César e José Teles (Cabeço).

 

Manuel Caldinhas referenciou na Freguesia da Lamarosa três artífices:

António José Salgueira; António Simão Domingos  Pereira e Henrique Figueiras, dois dos quais ainda desenvolvem atividade.

 

Manuel Luís Cláudio indicou vários colegas de profissão que exerceram atividade na Freguesia do Couço:

José Teles Russo; Joaquim Teles Russo; Joaquim Garcia; Adelino Garcia; João Cláudio Garcia; António Gil; Henrique Figueiras; Vicente Aleixo; Manuel Ribeiro Nunes; Alfredo Teles Russo; António Belchíra; António Filipe; José David; Artur Benedito; Henrique Espada; Inácio Espada e Carlos Casanova.

Fonte: Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 237.

 

DSC06371.jpg

DSC06384[1].jpgCréditos fotogáficos: Hélder Roque 

 

Fotos de Algumas peças utilizadas pelo sapateiros

019.JPG

022.JPG

024.JPG

Ferros de burnir - para polir

020.JPG

021.JPG

023.JPG Sevelas - para cozer

 

025.JPG

026.JPG

027.JPGAlicates turquesa . para arrancar pregos entre outros usos 

 

029.JPGBigorna 

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

 

 

FIGURAS ICÓNICAS

O meu amigo Hélder Roque partilhou com o Coruche à mão fotos no âmbito do desafio “Património Edificado”, nomeadamente de edifícios com revestimentos em azulejo, algumas referem-se a um  edifício cujo proprietário é  Nobel da arquitetura paisagista,  arqtº Gonçalo Ribeiro Telles.

DSC_0450.JPGCréditos fotográficos: Hélder Roque

Assim,  este post tem como objetivo introduzir em contexto do Coruche à mão o arqtº Ribeiro Telles, figura icónica, notável da  sociedade contemporânea.

 

 

Esquisso Biográfico

 

Gonçalo Ribeiro Telles nasceu em Lisboa, a 19 de Maio de 1922. A sua juventude foi passada entre Coruche e Lisboa, considerando que o seu pai era natural de Coruche e aí viviam familiares, aos 2, 3 anos veio a Coruche pela primeira vez para ser mostrado ao seu avô.

Licenciou-se em engenharia agrónoma e fez um curso livre de arquitetura paisagista. Iniciou a sua vida profissional como assistente universitário, tornando-se discípulo de Francisco Caldeira Cabral. Mais tarde seria professor catedrático convidado da Universidade de Évora, criando as licenciaturas em arquitetura paisagista e em engenharia biofísica.

Iniciou a sua intervenção pública como membro da Juventude Agrária e Rural Católica. Com Francisco Sousa Tavares fundou, em 1957, o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiria o Movimento dos Monárquicos Populares. Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se publicamente contra as políticas de urbanização vigentes.

Em 1969 integra a Comissão Eleitoral Monárquica, que se junta às listas da Ação Socialista Portuguesa, de Mário Soares, na coligação Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), para concorrer à Assembleia Nacional. Em 1971 ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica.

Após o 25 de Abril, fundou o Partido Popular Monárquico. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III  Governos Provisórios, e Secretário de Estado da mesma pasta, no I Governo Constitucional. Em 1979 integrou a Aliança Democrática, liderada por Francisco Sá Carneiro, coligação através da qual foi eleito deputado à Assembleia da República, em 1980 e em 1983. Entre 1981 e 1993 integrou o VIII Governo Constitucional, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida. Durante o seu ministério, assume um papel preponderante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, ao criar as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, de as bases do Plano Diretor Municipal.

Em 1984, após sair do governo e já afastado do PPM, fundou o Movimento Alfacinha, com o qual se apresentou candidato à Câmara Municipal de Lisboa, conseguindo a eleição como vereador. Em 1985 regressa à Assembleia da República  como deputado independente, eleito nas listas do Partido Socialista. Em 1993 fundou o Movimento o Partido da Terra, cuja presidência abandonou em 2007.

Entre os seus projetos, são de assinalar o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Barreto - recebendo o prémio Valmor de 1975; o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII, em 1996; e o conjunto de projetos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal de Lisboa, das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa, e que se encontram hoje em diferentes fases de implementação: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.

Em 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante distinção internacional no âmbito da arquitetura paisagista.

 

O arqtº Gonçalo Ribeiro Telles tem atualmente 94 anos de idade.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_Ribeiro_Telles

Catálogo da exposição temporária “Coruche na obra do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, patente no Museu Municipal de Coruche, Agosto de 2005

 

021.JPG

 

Catálogo da exposição temporária “Coruche na obra do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, patente no Museu Municipal de Coruche, Agosto de 2005

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

TINTAS - CERÂMICA, MADEIRA, TÊXTIL, PORCELANA, AZULEJO

Azulejo

Azulejo é a palavra portuguesa que designa uma placa cerâmica quadrada com uma das faces decorada e vidrada. A sua utilização é comum a outros países como Espanha, Itália, Marrocos, etc., mas Portugal assume importância no contexto universal da criação artística.

O azulejo é um elemento identificativo da cultura portuguesa, considerando que a azulejaria é desenvolvida em Portugal há cinco séculos; a sua aplicabilidade como elemento que estrutura as arquiteturas, através de grandes revestimentos nas fachadas dos edifícios e no seu interior e pelo modo como tem sido entendido, não só como arte decorativa mas como suporte de renovação do gosto e de registo do imaginário.

As primeiras utilizações remontam ao século XVI (influência hispano-mourisca). Ao longo dos séculos vários momentos importantes e influências aconteceram (ex: Rococó, Neoclassicismo, etc.) até hoje. A expo´98 permitiu verificar a atual pertinência do uso do azulejo, onde o edifício do Oceanário é um bom exemplo.

 

A propósito de azulejos e daqueles que no percurso de vida tiverem ou têm relação com estes elementos artísticos em Coruche, o primeiro destaque recai sobre o mestre Esteves / Relvas.

José David Esteves nasceu em Lisboa, em 1927, iniciou com 17 anos de idade o seu percurso, na Fábrica Viúva Lamego, como modelador de cerâmica. Durante 17 anos contactou de muito perto com grandes figuras das artes plásticas, como Querubim Lapa, Leopoldo Almeida, Almada Negreiros, Manuel Cargaleiro, Jorge Barradas, Estrela Faria, entre outros. Em 1961 rumou a Lourenço Marques – Moçambique. Muito embora nessa fase a sua atividade principal não fosse associada às artes, manteve o interesse, o que o levou a colaborar, mais tarde, com a escultora alemã Ula Hanzel e também com Querubim Lapa nos painéis de entrada do Banco Nacional Ultramarino de Maputo. Regressou a Portugal em 1977, mas só um ano mais tarde voltou às artes plásticas, ao se envolver no projeto Cerâmica Artista ML Valente, Lda. Três anos mais tarde fixou residência em Coruche, aliciado pelo projeto Cerâmica Artística e, em 1981, inicia funções na Câmara Municipal de Coruche, primeiramente como desenhador. Todavia, foi nas artes plásticas que veio a centrar posteriormente toda a sua atividade. São inúmeros os trabalhos que realizou no concelho de Coruche, sendo que muitos deles podem ainda ser apreciados, tais como os painéis de azulejos do Pavilhão Municipal, das creches da Azervadinha e da Quinta do Lago, do lar de idosos da Lamarosa, as placas toponímicas da vila, o busto da República existente nos Paços do Concelho, entre muitos outros. No ano de 2002 foi-lhe atribuído um espaço de atelier no Museu Municipal de Coruche, onde  desenvolveu trabalhos diversos. O modelador/ceramista Relvas, como sempre assinou todos os seus trabalhos e por cujo nome ficou conhecido, faleceu em 2005.


Fontes:

Catálogo da exposição temporária “Coisas da Idade”, patente no Museu Municipal de Coruche de 31 de maio a 13 de julho de 2003.

Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014.

 

20091227 José David Esteves HR (2).jpg

Relvas

Designação: Mural

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 1,98m, comp. 4.30m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

DSC03988.jpg

Relvas

Título: Fumeiro

Designação: Painel

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 0,45m, comp. 0,45m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

DSC04067.jpg

 Relvas

Designação: Placa toponímica

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 0,45m, comp. 0,45m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

DSC04128 (1).jpg

 Relvas

Designação: Placa toponímica

Material: azulejo e tintas

Dimensão: alt. 0,35m, comp. 0,45m

Créditos fotográficos: Hélder Roque

 

Revisão: Ana Paiva

FIBRAS VEGETAIS - CESTARIA, EMPALHAMENTOS

Fibras vegetais

Salgueiro, chorão, sinceiro e vimeiro são os nomes comuns das plantas do género Salix, da família Salicaceae, que existem geralmente em solos húmidos.

As margens do nosso rio Sorraia são lugar de predominância destas espécies. A "verga"  que provem do salgueiro é uma das matérias-primas dos cesteiros.

DSCN3058 (2).JPG

DSCN3053 (2).JPG

 Salgueiro / rio Sorraia - jusante da ponte da escusa - Créditos fotogáficos - Paulo Fatela

 

O rio Sorraia

O Sorraia é um rio que nasce na freguesia do Couço, concelho de Coruche, e resulta da junção de duas ribeiras, a ribeira de Sor e a ribeira do Raia. É um afluente do Tejo e recebe várias ribeiras ao longo do seu curso, nomeadamente as ribeiras de Erra e Divor.

Vila Coruche.jpg

Foto - arquivo Câmara Municipal de Coruche

Ao longo dos tempos o rio Sorraia teve um papel vital para a região e, segundo registos históricos, já romanos e árabes aqui se fixaram, usufruindo dele no campo agrícola e como meio de comunicação, para exportar os produtos cultivados no vale do Sorraia, onde desenvolveram engenhosos sistemas de irrigação que chegaram aos nossos dias. Foi navegável, tendo tido expressão o tráfego fluvial de escoamento de produtos agrícolas e florestais, nomeadamente cortiça, madeiras e cereais. Era, também, no rio Sorraia que nos anos 20/60 as mulheres lavavam a roupa do seu quotidiano, desenvolvendo algumas essa atividade como profissão. 

[PD] Heraldo Bento (5) [010.00916].jpg

 Foto - arquivo Câmara Municipal de Coruche

 

O rio deixou há já algumas décadas de ser um local onde se lava a “roupa suja”, contudo ainda é corrente a roupa ser colocada a enxugar na frente das moradias.

 

12873592_1174586902553848_1988419499_o.jpg

 Créditos fotográficos - Fernando Marques

 

Na segunda metade do século XX foi posto em ação o Plano de Irrigação do Vale do Sorraia, através da construção das barragens de Montargil e Maranhão, juntamente com o Canal do Sorraia. Visou um melhor aproveitamento dos recursos hídricos, para potenciar o rendimento agrícola da região, propósito que foi alcançado.

 

DSC03081.JPG

  Foto - arquivo Câmara Municipal de Coruche

Existem várias espécies piscícolas, nomeadamente bogas, carpas, barbos e bordalos, tendo-se desenvolvido em toda a zona a pesca artesanal de rio. O rio Sorraia tornou-se num local privilegiado para a prática da pesca desportiva. Sendo considerado um dos melhores pesqueiros nacionais, realizaram-se  diversos campeonatos do mundo de pesca desportiva. Para além da pesca desportiva é utilizado na prática de outros desportos, nomeadamente canoagem e natação.

1.jpg

 Créditos fotográficos - João Dinis

DSC03666.JPG

Zona ribeirinha.JPG

  Fotos - arquivo Câmara Municipal de Coruche

  

Fontes: BENTO, Heraldo - O Sorraia e Coruche, Câmara Municipal de Coruche, 2002; Museu Municicipal de Coruche - Vagas Leves - Rostos do Rio, catálogo - 2003;   https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Sorraia ; https://pt.wikipedia.org/wiki/Vime

 

Heraldo Bento é o autor do livro “ O Sorraia e Coruche”, onde reporta a sua vivência e conhecimento empírico do rio, também o Museu Municipal de Coruche,  em 2003, proporcionou uma exposição  com o tema “Vagas Leves – Rostos do Rio” e publicou  o respetivo catálogo.

053.JPG

052.JPG

 Créditos fotogáficos - Paulo Fatela

 

Vime (latim: Vimen)

Vime é um material utilizado desde tempos primitivos, originalmente oriundo de varas moles e flexíveis do vimeiro e que passou a designar qualquer matéria-prima de origem vegetal com tais características e que, trançado, possui diversos usos, principalmente na produção de cestos e móveis.

Fonte:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Vime

DSCN3057 (2).JPG

 Créditos fotogáficos - Paulo Fatela

 

Os últimos cesteiros de Coruche

Já são poucos os cesteiros em Coruche. Estão referenciados no livro “Mãos com Alma: artes e ofícios em Coruche”. São três os artesãos que ainda estão no ativo:

 

António Lourenço da Silva (António Lourenço) nasceu no ano de 1950, natural de Montargil, instalou-se em Coruche desde 1974.

O jeito para trabalhar a madeira e fibras naturais vem de família. Começou por brincadeira a fazer bancos, cadeiras e outros objetos para o lar. As primeiras peças de mobiliário foram expostas no antigo café Coruja, CORART – 1.º Salão de Artesanato da Freguesia de Coruche. Em 2002, por desafio de Paulo Fatela, integrou um grupo de pessoas interessadas em artesanato, tendo assim sido um dos membros fundadores da CORART- Associação de Artesanato de Coruche. Ao longo do seu percurso tem participado em várias feiras de âmbito nacional. Desde 1974 que faz do artesanato a sua atividade principal, habilitando-o para tal a Carta Nacional para a Promoção dos Ofícios e das Microempresas de Artesanato, emitida em 24/03/2007. António Lourenço é cesteiro, empalhador e marceneiro.”

 

Cícero António Luís (Cícero Luís) nasceu em 1932, no Monte do Pinheiro – Couço. Fez a 4.ª classe em Coruche, naquele que seria um período de intensas dificuldades, em virtude da segunda guerra mundial.

Após o exame da 4.ª classe foi guardar vacas, atividade que teve durante três anos; depois passou a trabalhar para uma casa agrícola (família Mexia).

Foi na casa agrícola, em 1946, que teve contacto com a cestaria, pois via os colegas fazerem vários tipos de cestos, peças úteis para a atividade agrícola.

Passou a colher a verga e a executar todos os processos até ficar em boas condições de moldagem. Houve um interregno, de alguns anos, no percurso de cesteiro; fez a tropa e desenvolveu outras atividades profissionais (motorista, barbeiro…), ao mesmo tempo que adquiriu o gosto por outras coisas, nomeadamente canções – de cantar e de colecionar letras; por isso reúne canções desde 1940.

Em 1998, após a reforma, retomou a atividade de cestaria, fazendo variadíssimos cestos para diversas utilizações.”

 

Joaquim Garcia nasceu em 1955, no concelho de Almeirim. Iniciou a sua atividade de cesteiro aos onze anos, tendo frequentado para o efeito uma escola de artesanato em Coina. Durante muito tempo executou cestos que eram comprados para revenda. Com o decorrer do tempo a realidade foi alterada e a concorrência da indústria chinesa modificou significativamente a situação.

Em 1988 instalou-se em Santa Justa, na freguesia do Couço. Não obstante as adversidades, como seja a falta de apoios, continua na cestaria, mantendo a tradição familiar ao mesmo tempo que a recolha da matéria prima lhe permite um agradável e já necessário contacto com a natureza.”

In Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofício tradicionais em Coruche, edição Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, págs. 13, 15 e 22.

 

GERAL_2016_04_01_12_35_27_006_001.jpg

 

GERAL_2016_04_01_12_36_25_616_001.jpg

  Créditos fotogáficos - Hélder Roque

 

Nota: Em breve um passo a passo de produção de cestos e imagens sobre a diversidade destes, bem como a sua função na atualidade.

 

Revisão: Ana Paiva

PATRIMÓNIO EDIFICADO

No âmbito do desafio colocado no 1º post sobre património edificado, "Sinalizar em Coruche, através de registo fotográfico, elementos arquitetónicos cuja execução surgiu através da mão…" chegaram fotografias que registam a passagem do tempo e sinalizam, em algumas situações, inexistência de manutenção face às edificações e seus detalhes...

 

Hoje publico o olhar dos fotografos José João Ferreira e Hélder Roque (1ª série de fotografias). Obrigado e abraço a ambos 

 

Image00008.bmp

Rua dos Guerreiros - Coruche / Créditos Fotogáficos: José João Ferreira

Image00006 -Rua de Diu.bmp

 Rua de Diu - Coruche / Créditos Fotogáficos: José João Ferreira

Image00002 - Rua  Joana Isabel Matos Lima Dias.bmp

 Rua Joana Isabel Matos Lima Dias - Coruche / Créditos Fotogáficos: José João FerreiraAvª Luís de Camões - Coruche.JPG

Avenida Luís de Camões - Coruche / Créditos Fotogáficos: Hélder Roque

Avª Luís de Camões - Coruche (2).JPG

 Avenida Luís de Camões - Coruche / Créditos Fotogáficos: Hélder Roque

Rua Júlio Maria de Sousa (4).JPG

 Rua Júlio Maria de Sousa  - Coruche / Créditos Fotogáficos: Hélder Roque