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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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BARRO - OLARIA, CERÂMICA FIGURATIVA

A memória de Maria de Jesus  Sousa Quintas, filha do oleiro António Cipriano Rodrigues Quintas, remete-nos para a olaria do seu bisavô: José Evaristo de Sousa, situada em Santo Antonino, o qual teria iniciado ativividade provavelmente em 1850.

José Evaristo de Sousa teve três filhos homens: Guilherme, José e António, que também lhe seguira o gosto pela olaria, tendo constituído as suas próprias oficinas, criando inclusive vários postos de trabalho.

As olarias de Guilherme e José desenvolveram-se, após as suas mortes. A olaria de António esteve em atividade durante décadas tendo sido vários os artesãos que por lá passaram: Afonso de Sousa; Manuel Maia; António Quintas; “Chico Doutor” (alcunha pelo facto de se vestir bem); João Mesquita; Américo; Amadeu; Canhoto (alcunha pelo facto de ser de Canha); Jacinto; José da Justa e outros.

As suas peças eram vendidas numa loja no Mercado Municipal de Coruche por Maria Guilhermina, mulher de António. As produções eram sobretudo peças úteis, alguidares usados nas matanças dos porcos ou também para lavar roupa, ânforas para armazenar alimentos constituem alguns exemplos.

A tradição das olarias em Coruche perdeu-se; o oleiro António Cipriano Rodrigues Quintas foi o último a desenvolver atividade profissional nessa área e apenas Afonso Sousa (reformado) até há pouco tempo produzia algumas peças para ocupar o seu tempo.

 

 Fonte: Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 106

 

Publico algumas fotos de peças outrora produzias e esquiços biográficos dos seus autores, hoje o enfoque recai para Carlos Casimiro Marques e António Cipriano Rodrigues Quintas.

Carlos Casimiro Maques (Carlos Marques) nasceu em 1921, em Coruche. Iniciou a sua atividade numa olaria situada na Travessa Fonte do Grilo – Coruche, do “Carlos oleiro”. Mais tarde trabalhou numa olaria em Lavre, cerca de dois anos, sendo que regressa a Coruche e estabelece-se por conta própria, inclusivamente com um ponto de venda no Mercado de Coruche.

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Designação: Bilha para àgua

Material: Barro

Dimensão: o,29m x 0,19m

Créditos fotográficos: José Fatela 

 

António Cipriano Rodrigues Quintas (António Quintas) nasceu em 1926, em Marinhais.

Quintas começou como aprendiz de oleiro muito novo, logo após ter terminado a escola primária, tal como quase todos os da sua geração.

Aprendeu a profissão com o oleiro Barroca que era proprietário de uma oficina na Fajarda. Depois de casado e perto do nascimento da sua segunda filha decidiu trabalhar na olaria do sogro: António Evaristo de Sousa.

Após a morte do sogro, em 1974, passou a desenvolver atividade individualmente, tendo mais tarde aberto uma loja na travessa do Lagar em Coruche, para venda das suas peças, com a colaboração da sua mulher Laurinda Quintas. Comercializava as peças na tradicional Feira de São Miguel em Coruche, teve inúmeras participações nas Festas em honra de Nª Sr.ª do Castelo (exposições e cortejo etnográfico), colaborou com as escolas do ensino básico sob forma de permitir visitas à sua olaria e dando informações aos alunos e professores.

As mostras das suas peças não aconteceram somente a nível de Coruche, mas também um pouco por todo o país.

Em 1999 Quintas foi convidado pela Câmara Municipal Coruche a ocupar um atelier no Museu Municipal, e ai desenvolver ativiade permitindo dessa forma o desenvolvimento de atividades pedagógicas.

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Designação: Saladeiras

Material: Barro vidrado

Dimensão: Diâmetro - 0,32m, 0,27, 0,20m

 Créditos fotográficos: Nuno Capaz

 

Fonte: Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, págs 12 e 15