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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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ARTES PLÀSTICAS

PINTURA

 

A pintura refere-se genericamente à técnica de aplicar pigmento em forma pastosa, líquida ou em pó a uma superfície, a fim de colori-la, atribuindo-lhe matrizes, tons e texturas

Há controvérsias sobre essa definição de pintura. Com a variedade de experiências entre diferentes meios e o uso da tecnologia digital, a ideia de que pintura não precisa se limitar à aplicação do "pigmento em forma líquida". Atualmente o conceito de pintura pode ser ampliado para a

A pintura acompanha o homem em toda a sua história.  Durante o período grego clássico não se desenvolveu tanto como a escultura. A pintura foi uma das principais formas de representação dos povos medievais,  e do Renascimento.

Mas é a partir do século XIX com o crescimento da técnica de reprodução de imagens, graças à Revolução Industrial, que a pintura de cavalete perde o espaço que tinha no mercado. Até então a gravura era a única forma de reprodução de imagens, trabalho muitas vezes realizado por pintores. Mas com o surgimento da fotografia, a função principal da pintura de cavalete, a representação de imagens, enfrenta uma competição difícil. Essa é, de certa maneira, a crise da imagem única e o apogeu de reprodução em massa.

No século XX a pintura de cavalete  mantém-se  através da difusão da galeria de arte.

A longo do século XX vários artistas experimentam com a pintura e a fotografia, criando colagens e gravuras, artistas como os dadaístas e os membros do pop art, só para mencionar alguns. Mas é com o advento da computação gráfica que a técnica da pintura se une completamente à fotografia. A imagem digital, por ser composta por pixeis, é um suporte em que se pode misturar as técnicas de pintura, desenho, escultura (3D) e fotografia.

A partir da revolução da arte moderna e das novas tecnologias, os pintores adaptaram técnicas tradicionais ou as abandonaram , criando novas formas de representação e expressão visual.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura

 

Maria Ribeiro Telles

 

Licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Universidade de Lisboa, faculdade de Belas Artes (ULFBA). Esteve ligada ao ensino, tendo começado a lecionar em 1983 em Castelo Branco e depois Setúbal. Foi professora de desenho e técnicas de pintura em vários cursos de restauro ligados à formação profissional. Em colaboração com o Museu Municipal de Coruche produziu e executou igualmente vários atelier de expressão plástica com componente pedagógica sobre exposições temporárias que o Museu realizou em 2006, 2007 e 2009. Autora de trabalhos plásticos em cortiça, nomeadamente uma instalação para o museu municipal de Coruche, patente ao público no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, em cujo auditório pintou mural sobre cortiça.

 

Entre as várias exposições individuais que tem realizado, desde 1992 destaca duas: Fajarda, no Instituto Camões, em Lisboa (2011), e Rio das Flores, no antigo palácio Valle Flor (2007).

 

Realizou também na Galeria Monumental (Lisboa) diversas exposições entre 1997 e 2006, assim como em outros espaços: Abraços, Galeria Casa do Bocage, Setúbal (1996); Por Entre Rios, Galeria Casa do Bocage, Setúbal (1994); Pintura, Galeria Leo, Lisboa (1992), Participa desde os anos 80 em exposições coletivas, nomeadamente: Visão do infinito – Os artistas e a fé, Galeria Municipal de Almada; Artlisboa, FIL; ARCO3 (Feira de Arte Contemporânea ,Madrid); ARTeven, Lille, França; Lágrimas de Pedro e Inês, Sala da Cidade, Mosteiro de Santa Cruz, Coimbra; Exposição de Artes Plásticas de temática religiosa, no Convento de Jesus , Setúbal, obtendo o 1º prémio; Gala Bosch, FIL, Parque das Nações; Marca Mdeira (Feira de Arte), Funchal (Galeria Monumental); bandeiras, Portugiesiche Kunsstlerfahnem in der Fachwerkstadt, Eppingen, Alemanha; Art 89, SNBA, Lisboa; Estrada Marginal, Museu do Traje, Lisboa; Salão Primavera no Casino Estoril; II e III bienais de Chaves e Bienal de Artes Pásticas de Coruche – 2013.

 

Em 2013 foi homenageada pela Câmara Municipal de Coruche no Dia Internacional da Mulher.

 

Fonte: Catálogo Bienal de Artes Plásticas – Percursos com Arte, Coruche - 2013

 

016.jpgPintura do revestimento das paredes laterais do auditório do Observatório do Sobreiro e da Cortiça em Coruche

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DSC01532.jpg Pintura em acrílico s/ tela

Tilulo: As Flores não choram

Fotos arquivo da câmara municipal de Coruche

 

 

PELES E COUROS - CORREEIROS, SAPATEIROS, PEÇAS DECORATIVAS E ÚTEIS

Sapateiros

 

Com a industrialização do calçado e as alterações da sociedade os sapateiros passaram a dedicar-se à reparação de calçado. Em Coruche ainda há algumas exceções, como é exemplo o António José Salgueira, António Simão Domingos Pereira e Manuel Luís Cláudio, os quais através de encomenda produzem essencialmente botas.

 

Nos finais do séc. XIX até meados do séc. XX foram vários os sapateiros que desenvolveram atividade em Coruche, produziam calçado por medida, sobretudo botas, botins e tamancos (calçado usado no meio rural), para senhora, homem e criança.

 

Heraldo Bento referenciou-me alguns dos homens que se dedicaram ao ofício de sapateiro, em Coruche:

Vidigal Manaia; Luís Nunes Carrapo; Evangelista; João da Costa (João Custódio); António Casimiro; Roberto da Silva; Fausto da Silva; Elias & Filho; Victor Gomes; José Carvalho; António Júlio; Galveia; Eduardo Cardoso; António Raimundo Rodrigues (Nérinha); José Rosalino Cordeiro de Almeida; António Roberto; Emídio da Silva; Alcídes da Silva; César e José Teles (Cabeço).

 

Manuel Caldinhas referenciou na Freguesia da Lamarosa três artífices:

António José Salgueira; António Simão Domingos  Pereira e Henrique Figueiras, dois dos quais ainda desenvolvem atividade.

 

Manuel Luís Cláudio indicou vários colegas de profissão que exerceram atividade na Freguesia do Couço:

José Teles Russo; Joaquim Teles Russo; Joaquim Garcia; Adelino Garcia; João Cláudio Garcia; António Gil; Henrique Figueiras; Vicente Aleixo; Manuel Ribeiro Nunes; Alfredo Teles Russo; António Belchíra; António Filipe; José David; Artur Benedito; Henrique Espada; Inácio Espada e Carlos Casanova.

Fonte: Fatela, Paulo – Mão com Alma, artes e ofícios tradicionais em Coruche, edição Associação da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 237.

 

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DSC06384[1].jpgCréditos fotogáficos: Hélder Roque 

 

Fotos de Algumas peças utilizadas pelo sapateiros

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Ferros de burnir - para polir

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023.JPG Sevelas - para cozer

 

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027.JPGAlicates turquesa . para arrancar pregos entre outros usos 

 

029.JPGBigorna 

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

 

 

GASTRONOMIA

Do pinheiro ao pinhão

  

Pinheiro manso (Pinus pinea)

 

As suas origens são antiquíssimas, remontando ao tempo de D. Sancho I.

D. Dinis utilizou os pinheiros mansos com o evidente propósito de proteger as terras aráveis com uma barreira natural.

Com o rei D. Fernando o pinhal será usado para construção naval, mas já com pinheiro bravo.

O pinheiro manso é uma gimnospérmica, da família das Pináceas, a mesma família dos abetos e larícios, subfamília das Pinóideas e género Pinus.

É uma árvore que frequentemente ultrapassa os 30 metros de altura, de folha persistente.

A copa do pinheiro manso é redonda no seu capelo, assemelhando-se a um cogumelo.

As folhas são agulhas verdes-claras, rígidas com 10 a 20cm de comprimento e 1 a 2mm de grossura, agrupadas duas a duas. As flores masculinas são cones quase cilíndricos com 15mm de comprimento, agrupados na parte terminal dos ramos de cor amarela. As pinhas estão isoladas ou agrupadas em duas ou três de dimensões apreciáveis (8 a 15cm de comprimento com cerca de 10cm de diâmetro), de cor pardo castanho-avermelhado, e escamas com um pinhão de 15 a 20mm de comprimento. Floresce de março a maio, demorando as pinhas a amadurecer três anos e libertando os pinhões ao quarto ano.

Em Portugal abundam em maior quantidade a sul do Tejo.

De acordo com os dados divulgados pelo Instituto da Floresta Nacional a área de povoamento de pinheiro manso em Coruche é de 9130ha.

Outrora o pinheiro manso tinha apenas rentabilidade na sua morte, utilizando-se a madeira para a construção marítima e construção civil. Hoje a indústria do pinhão tornou-se uma mais-valia para o mercado nacional e exportação.

Os pinhões, fruto do pinheiro manso, são uma fonte de riqueza para o país, onde a cozinha e doçaria tiram partido das suas reais qualidades.

DSCN3403.JPG Pinhas

Foto 7.JPGPinhão

Pinhões.jpg

Miolo de pinhão 

 Créditos fotográficos: Paulo Fatela 

Fontes:

Cravidão, João - A madeira em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche, Coruche: Museu Municipal/Câmara Municipal, 2015.

http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=55&cid=3681&bl=1&viewall=true

 

O meu amigo Amorim Alves, natural da aldeia de Santa Justa, freguesia do Couço – Coruche, teve a cortesia de me facultar peças usadas para a obtenção do miolo de pinhão, bem como fez uma descrição do saber fazer, considerando que foi e ainda é uma atividade que acontece na localidade.

 

Saber fazer:

O miolo de pinhão provém de pinhais de pinheiro manso onde, tradicional e praticamente, não se usam tratamentos fitossanitários ou adubos durante o período vegetativo, o que lhe poderá vir a conferir o direito ao uso da menção “Pinhão biológico”. As pinhas são colhidas  entre os meses de dezembro e março e colocadas depois ao sol, em eiras. As pinhas são abertas sob ação do calor solar ou, quando tal não é possível, a abertura é forçada pela aplicação de calor seco (fornos), sendo usada a caruma. São descascadas com um utensílio, em ferro, recorrendo a um cepo como suporte, e posteriormente crivadas numa rede larga. Soltos os pinhões, são partidos utilizando-se duas pedras, uma como base e outra de mão. São novamente crivados com uma malha mas fechada. Obtido o miolo, vai a torrar em forno de lenha.

 

Conjunto de imagens de utensilios e processos para obtenção do miolo de pinhão:

Foto 6.JPG Utensílio em ferro para descascar as pinhas

Foto 5.JPG Cepo - base de apoio para o descasque das pinhas

Foto 2.JPG Crivo - malha larga, permite a separação da casca da pinha do pinhão

Foto 3.JPG

Foto 4.JPG Crivo - malha apertada, permite a separação da casca do pinhão do miolo

Foto 5 (2).JPG Pedra de base e de mão - para extrair o miolo do pinhão

DSCN3407.JPG Descasque das pinhas

DSCN3404.jpg Extração do miolo do pinhão

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

A industrialização do miolo do pinhão

 

O Grupo Cecílio é uma empresa sediada em Coruche, de cariz familiar, e conta com mais de sessenta anos de experiência no âmbito dos produtos alimentares. A empresa é detentora de marcas de confiança do consumidor, com destaque para os produtos miolo de pinhão e arroz.

Em 2015 alargou  a gama de produtos e passou a comercializar, também, uma gama variada de frutos secos.

No âmbito do miolo de pinhão desenvolve a marca Pinheiro 

Empresa Cecilio.png

 Fonte: http://www.cecilio.pt/pt/index.html

 

Uso: O miolo de pinhão é muito apreciado como aperitivo, mas também é usado na doçaria tradicional, como por exemplo na Pinhoada. Também se usa em alguns pratos de culinária, como ingrediente de diversas receitas de arroz e de saladas.

 

Aplicações do miolo do pinhão na doçaria tradicional de Coruche:

 

Bolinhos de pinhão (Couço)

 

Ingredientes:

3 claras

500 g de açúcar

500 g de pinhão

 

Batem-se muito bem as claras em castelo, incorpora-se em seguida o açúcar, mexendo sempre. Juntam-se por fim os pinhões, misturando-os muito bem na massa. Vão ao forno, em pequenos montículos, até ficarem loirinhos.

 

Nógados de pinhão e mel sobre folhas de laranjeira

 

Ingredientes

½ litro de mel

500 g de pinhões torrados

Folhas de laranjeira

 

Deita-se num tacho o mel até fazer um ponto espesso a que se juntam os pinhões torrados.

Ainda quente deitam-se pequenas porções sobre folhas de laranjeira previamente lavadas.

Servem-se depois de frios.

DSC07541 recortada.jpg Foto: Arquivo da Câmara Municipal de Coruche

  

In: “Comeres de Coruche”, Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche, 1993, págs. 40 e 41.

Revisão Ana Paiva

 

Fotografias no âmbito do repto lançado no facebook, as duas primeiras são cotersia de Fernando Marques.

 

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