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coruche à mão

preservar memória / criar valor

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PATRIMÓNIO EDIFICADO

Arquitetura vernacular em Coruche

Este é o primeiro post no Coruche à Mão sobre património edificado. Tal como noutros posts o ponto de partida são as publicações/livros sobre as matérias visadas, no caso “O que nos dizem as casas”, do arqt.º Carlos Janeiro, edição Museu Municipal de Coruche (2006) e “Portas e janelas do concelho de Coruche”, edição da Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural do Concelho de Coruche (1998).

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 Créditos fotgráficos: Paulo Fatela

Desde tempos imemoriais o homem encontrou motivos para ficar por Coruche. Construiu a sua habitação com matérias-primas locais. As terras férteis criaram atratividade para o homem se fixar.

 

Todo o tipo de arquitetura em que se empregam materiais e recursos do próprio ambiente nas edificações designa-se por arquitetura vernacular. Assim sendo, as construções têm caráter local ou regional.

A construção, dita tradicional, em Coruche não é singular, os materiais e o aspeto formal é transversal a outras zonas do país.

O que me importa referenciar, neste post, é o facto desse património estar  abandonado, não obstante existirem projetos, provenientes de universidades de arquitetura,  no sentido de estimularem a  construção com materiais naturais, alegando ser sustentável, considerando:

 

  • Baixo custo
  • Conforto térmico
  • Uso de material regional
  • Poder ser preparado no próprio local da construção
  • Rapidez na preparação dos tijolos

 

Caraterísticas edificações ditas tradicionais

As paredes eram em taipa, adobe ou tijolo (barro ou terra amassados, com ou sem misturas). Eram caiadas e o branco devolvia à paisagem parte do calor do sol, ficando a vida mais fresca no interior das casas.

A cobertura era em telha de barro, nas suas várias formas, sustentada por madeiras fornecidas pelos pinheiros da charneca.

As portas e janelas, também elas de madeira de pinho, eram emolduradas a ocre ou a azul e socos das mesmas cores,  por forma a dissimular a sujidade.

 

Saber fazer…

Adobe

A preparação do adobe é feita em solo argiloso. Faz-se um buraco perto do local da obra onde há solo apropriado, colocando-se água. Depois amassa-se com os pés até sentir que tem boa liga. O barro é posto em formas de madeira com as dimensões de 40cm de comprimento, 20cm de largura e 15cm de altura. A forma é molhada antes de se colocar a argila. Depois realiza-se um processo de secura durante dez dias, virando-a a cada dois dias.

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 Construção em adobe / Localização: Zebro - Freguesia da Lamarosa

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 Adobe / Localização: Zebro - Freguesia da Lamarosa

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  Tijolo / Localização: Fajarda - Freguesia de Coruche, Fajarda e Erra

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   Tijolo / Localização: Foros do Paúl - Freguesia de Coruche, Fajarda e Erra

 

Taipa

A taipa é uma técnica construtiva à base de argila (barro) e cascalho empregue com o objetivo de erguer uma parede.

 

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    Taipa / Localização: Foros do Paúl - Freguesia de Coruche, Fajarda e Erra

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 Revestimento em cal com moldura e barra com pigmento ocre / Localização: Foros do Paúl - Freguesia de Coruche, Fajarda e Erra

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 Porta em madeira de pinho / Localização: Fajarda - Freguesia de Coruche, Fajarda e Erra

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

O paradigma mudou...

 

Desafio:

Sinalizar em Coruche, através de registo fotográfico, elementos arquitetónicos cuja execução surgiu através da mão…

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Adobe

Revisão: Ana Paiva

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ E OUTROS

BORDADOS

 

Ponto-de-Cruz

Iniciei em 01/01/2016 uma abordagem sobre bordados, nomeadamente o ponto-de-cruz, nesse âmbito lancei o repto a algumas amigas,  para produzirem algo com uma imagem que desenvolvi em gráfico.

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30/03/2016 - Chegaram mais projetos, nomedamente de Guilhermina Simões, Ana Maria Ribeiro, Clara Palminha e Fátima Esteves, estamos quase a chegar ao fim do prazo establecido para finalização das peças. 

 

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Projeto de  Clara Palminha / Créditos fotogáficos: Clara Palminha

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Projeto de  Guilhermina Simões / Créditos fotogáficos: Luís Simões

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Projeto de  Ana Maria Ribeiro / Créditos fotogáficos: Paulo Fatela

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 Projeto de  Fátima Esteves / Créditos fotogáficos: Fátima Esteves

 

Ontem, 15/03/2016, recebi mais  fotos demonstrativas do desenvolvimento do projeto, no âmbito do ponto-de-cruz. Assim, divulgo neste post a fase de produção de Rosa Lagriminha, Eunice Silva e Docelina Cardoso.

D. Docelina Cardoso é uma senhora por quem tenho imensa estima, tem uma história de vida fortisima, há já alguns anos a doença teima em retilhar-lhe algumas capacidades, contudo com o apoio do Centro de Dia da Fajarda continua a caminhada e corresponde aos desafios, tranquilamente. Fiquei emocionado quando abri um e-mail com um conjunto de fotos, enviadas pelo amigo José Miguel Carvalho, técnico no Centro Dia, que registam a seneridade que carateriza a minha amiga. Muito obrigado D. Docelina, José Miguel Carvalho, Rosa Lagriminha e Centro de Dia da Fajarda. Bem hajam!

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   Projeto de  Docelina Cardoso / Créditos fotogáficos: José Manuel Carvalho

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  Projeto de  Rosa Lagriminha / Créditos fotogáficos: Rosa Lagriminha 

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 Projeto de  Eunice Silva / Créditos fotogáficos: Eunice Silva 

 

Chegaram mais projetos, nomedamente de Márcia Branco, Carlota Branco e Manuela Mesquita

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  Projeto de  Márcia Branco e Carlota Branco / Créditos fotogáficos: Márcia Branco

 

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  Projeto de  Manuela Mesquita / Créditos fotogáficos: Manuela Mesquita

 

 

 

Chegaram mais projetos, nomedamente de Ana Paiva, Mariana Neves e Luisa Portugal  

 

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  Projeto (estudo) de Ana Paiva / Créditos fotogáficos: Ana Paiva

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  Projeto de Mariana Neves Créditos / fotogáficos: Mariana Neves

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  Projeto de Luisa Portugal /  Créditos fotogáficos: Luisa Portugal

 

Chegaram hoje, 24/02/2015,  as primeiras fotos de uma peça,  ainda em fase de produção, de Lurdes Martinho.

 

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 Projeto de  Lurdes Martinho (marcação de colunas e carreiras,  inicio do ponto / fase de produção)

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 Avesso / Créditos fotogáficos: Lurdes Martinho

 

 

 

 

 

 

 

 

INOVAÇÃO

No post de 02 de fevereiro de 2016, refiro que: "Fazer a “coisa” de forma empírica, do meu ponto de vista, é tão interessante  como desenvolvê-la com conhecimentos académicos".

Foi a propósito de mostrar os trajes usados pelas mulheres camponesas dos arrozais (1930/40) através de desenhos de José Luiz Pereira, autor do livro "Aqui está Coruche", nesse post  anunciei que iria divulgar um desenho de Helena Diogo Claro (mestre em design de comunicação).

Assim, apresento o desenho de autoria de Helena Diogo Claro e, publico também uma pintura digital s/  fotografia,  do artista Gregório Múcio

Desta forma fica evidente de que é possivel preservar memória, sendo criativo!

Et voilá:

 

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Titulo: Camponesa

Lapis s/ papel

Autor: Helena Diogo Claro 

 

 

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Titulo: Ensaio II - O campino(s), a(s) campina(s) e a(s) vaca(s)

Pintura digital s/ fotografia 

Autor: Gregório Múcio

 

 

GRASTRONOMIA

Na rubrica de gastronomia é intenção publicar algumas receitas da brochura/opúsculo editada pela Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche, em 1993, intitulada “Comeres de Coruche”. 

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 Créditos Fotogáficos: Paulo Fatela 

A primeira receita é de favas com chouriço e toucinho, considerando que é o meu prato de eleição, sendo que também sou grande apreciador de arroz de favas. O autor do arroz de favas, tal como eu gosto, é um amigo, a quem já desafiei para partilhar neste fórum a receita e o resultado final. Vamos ter que aguardar que as favas estejam em condições de serem colhidas na horta.

 

Favas com chouriço e toucinho

Chouriço de sangue

Linguiça

Toucinho alto

Favas

Cebola

Coentros

Ramas de alho

 

Os enchidos são cortados às rodelas e o toucinho às fatias. Levam-se a fritar.

As favas são postas ao lume com um pouco de água fria, cebola cortada miudinha, um ramo de coentros atados com rama de alho.

Quando as favas estão a ferver e as carnes já fritas, juntam-se estas às favas deixando apurar bem em lume brando.

 

In: “Comeres de Coruche”, Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche, 1993, pág. 30.

 

As favas (Phaseolus lunatus)

 

A vagem da fava é rasa, alongada e ligeiramente curvada. No interior das vagens residem entre duas a quatro sementes, com forma de rim. As sementes são geralmente de cor creme ou verde, apesar de existirem outros variedades. As favas têm um sabor amidoso, semelhante ao da batata e uma textura granulada mas ligeiramente amanteigada.

A fava é uma planta de clima frio, resistindo bem a temperaturas próximas a 0°C e a geadas leves. O ideal é que a temperatura não ultrapasse cerca de 15°C durante o ciclo de cultivo da planta.

As favas são ricas em proteínas.

 

Como plantar favas

Cultivar em solo bem drenado, fértil e rico em matéria orgânica. A fava é uma das poucas plantas cultivadas que toleram alta salinidade do solo. Irrigue de forma a manter o solo húmido, sem que fique encharcado.

Plante as sementes num local definitivo, a uma profundidade de 3 a 5cm, quando o solo está com uma temperatura de no mínimo 5°C. O espaçamento recomendado depende do cultivar e das condições de cultivo, indo de 45cm entre as linhas e 23cm entre as plantas, a 1m entre as linhas e 50cm entre as plantas. As favas de porte alto precisam ser mantidas eretas, colocando fios ou fitas em torno de um grupo de plantas. Retire plantas invasoras que estejam concorrendo por nutrientes e recursos. Quando a planta está bem florida, é uma opção cortar as pontas dos ramos para concentrar a energia da planta no desenvolvimento das vagens. Isto também previne o ataque de alguns insetos, que iniciam pelas partes mais jovens e tenras das plantas. A colheita das vagens começa de 85 a 240 dias após a semeadura, variando conforme a estação do ano em que a fava é plantada. Embora as sementes sejam mais apreciadas, as vagens tenras e as pontas dos ramos também podem ser cozidas e consumidas. As vagens são colhidas quando bem desenvolvidas, apresentando-se roliças, tenras e firmes. As vagens velhas vão-se tornando fibrosas rapidamente.

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Fontes web: http://www.alimentacaosaudavel.org/favas.html

Revisão: Ana Paiva

 

Desafio: expressões populares com a palavra “fava”

"A fome torna doces as favas"

"Vai à fava enquanto a ervilha não enche"

"Vai à fava"

"São favas contadas"

 

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ E OUTROS

BORDADOS

Ponto-de-Cruz

Iniciei em 01/01/2016 uma abordagem sobre bordados, nomeadamente o ponto-de-cruz.

Referi que, por mero acaso, tinha visto um programa de TV (RTP2) que referenciava o ponto-de-cruz como um bordado esteticamente muito interessante e que acrescenta valor (produzido manualmente) às peças de criativos de vestuário (alta costura) e assessórios, nomeadamente a dupla Dolce & Gabbana. Publiquei a titulo de exemplo algumas peças bordadas.

Desafiei a minha amiga Helena Diogo (mestre em design de comunicação), criativa por excelência, para desenhar um modelo (feminino) onde estivesse presente o bordado de ponte-de-cruz e,  com a imagem que criei no âmbito do post acima mencionado.

A Helena surpreendeu-me não com um modelo mas com dois.

Et voilá:

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Seria muito interessante que este modelos fossem executados...

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ E OUTROS

BORDADOS

Ponto-de-Cruz

 

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Créditos fotogáficos de Paulo Fatela

 

Manuela Mesquita é a protagonista do video que Tania Prates está a realizar, face ao desafio lançado no âmbito do post relativo ao bordado em ponto-de-cruz.

Em breve neste blog,  video de um passo-a-passo do bordado em ponto-de-cruz.

 

 

 

 

MADEIRAS - MARCENARIA, CARPINTARIA, RESTAURO

Madeira

Este é o segundo post no Coruche à Mão sobre madeiras. O ponto de partida é o livro “A Madeira em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche”, de João Cravidão.

 

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Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

Hoje assistimos a gerações que, porque não viveram a Revolução Industrial, não concebem a vida sem ela. O artesanato, por ter um carácter utilitário, foi substituído pela produção industrial de utensílios. Na agricultura, até meados do século XIX, todos os utensílios e os meios que permitiam desenvolver a atividade pressupunham a sua construção manual, sem maquinaria. No entanto, ainda nos princípios do século XX, nos meios rurais, era comum a manufatura de instrumentos para a agricultura. É intenção trazer a este fórum informação relativa a materiais e métodos utilizados na produção de peças que caíram em desuso, nomeadamente carros de tração animal, alfaias agrícolas, etc.

 

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 Foto: Arquivo Câmara Municipal de Coruche

 

Importa dar nota que as casas de lavoura ou casas agrícolas (anos 20/40 do século XX) tinham, todas elas,locais/oficinas onde os trabalhadores – carpinteiros – podiam construir carros de tração animal (carros de bois ou de parelha, muar ou cavalar), assim como todos os utensílios necessários para a lavoura (encinho/ancinho, pá da eira, forquilha...).

 

Os locais onde se desenvolviam as atividades acima referidas eram designados por ABEGOARIAS e os carpinteiros por ABEGÃOS.

 

No livro “A Madeira em Coruche” o autor, João Cravidão, dá conta de uma fase de construção de carros de tração animal:

“Quando as rodas estavam prontas, já com as massas enraiadas e com as pinas, levavam o lastro, que era uma cinta de ferro com 2 a 3cm de espessura que era posta, em brasa, nas rodas, depois seguidamente regada por várias pessoas com regadores para arrefecer e ficar apertada.

Para essa manobra eram colocadas normalmente quatro a seis cintas, com o lume junto ao ferro, de ambos os lados. Quando o ferro estava em brasa, era colocado na roda que, depois de arrefecido com água, apertava a roda, concluindo-a.

As massas onde o eixo dos carros e carroças trabalhavam, as chamadas buchas de ferro, eram em azinho, os raios em mangue, as pinas em azinho e o lastro das rodas em ferro.”

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 Desenho de um carro de bois, exemplo dos realizados na época referenciada. 

Cravidão, João - A Madeiras em Coruche: historial de artes e ofícios já extintos em Coruche”, Coruche: Museu Municipal/Câmara Municipal, 2015, págs. 80 e 81

 

A propósito do autor do livro visado transcrevo, aqui, uma nota biográfica:

“João de Matos Cravidão nasceu em Cabeção, no dia 25 de junho de 1924. Descendente de uma família de serradores e negociantes de madeira naturais de Vieira de Leiria, foi aos cinco anos viver para Almeirim, onde concluiu o ensino primário. Em 1940, então com 16 anos, veio para Coruche para trabalhar na sociedade familiar que comercializava madeira. Durante os 63 anos seguintes João Cravidão trabalhou, em Coruche, como comerciante de madeiras na empresa que foi da sua família.

Para além da sua vida profissional foi um cidadão muito participativo na vida associativa coruchense. Entre os seus interesses destacam-se a pesca desportiva, o futebol amador, tendo entrado em campo pelo Grupo Desportivo Coruchense. Foi, além disso, um dos fundadores do Clube Ornitológico de Coruche, da Casa do Benfica e da Associação para o Estudo e Defesa do Património Cultural e Natural do Concelho de Coruche”

   

As ferramentas eram produzidas nas abegoarias/oficinas, normalmente utilizavam a madeira de azinho ou de freixo. Poucas se encontravam à venda.

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 Garlopa – plaina grande, usada para aplainar tábuas

Créditos fotográficos: Paulo Fatela

 

A foto mostra-nos um utensílio de lavoura, no caso o encinho ou ancinho, é exemplo de uma peça produzida nas abegoarias.

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Créditos fotográficos: Paulo Fatela

  Revisão: Ana Paiva

GASTRONOMIA

ARROZ DOCE

 

Receita de arroz doce  partilhada por Fernando Serafim:

 

“O Meu Arroz Doce

O arroz-doce é sem dúvida, a sobremesa mais popular e vulgarizada por todo o País, tal como as mil e uma maneiras de o fazer. A característica determinante de um bom arroz- doce, mais do que os ovos ou o leite é a qualidade do cereal utilizado que deve ser sempre o arroz tipo carolino por ter baixo teor de amilose, uma das moléculas do amido presente na sua composição e daí a  necessidade de a  diminuir, cozendo-o em lume brando e mexendo sempre.

Há alguns anos que comecei a fazer arroz doce e a tentar aperfeiçoar uma receita que fosse ao encontro do meu paladar. Hoje, faço-o com mais frequência a pedido do meu neto Vicente que diz: eu não gosto, eu adoro arroz-doce.

 

160gr de arroz carolino; 0,6dl de água; sal; 1litro de leite gordo; 200gr de açúcar branco; Cascas de laranja e canela.

Põe-se o arroz a cozer com a água e uma pitada de sal em lume brando, mexendo sempre.

Aquece-se o leite com as cascas de laranja e vai-se adicionando lentamente ao arroz logo que a água de cozedura desapareça, mexendo sempre até ficar cozido (cerca de 25 minutos).

Adiciona-se o açúcar e mexe-se durante mais 2 ou 3 minutos. Deita-se numa travessa e decora-se com canela a gosto.

 

Bom apetite!”

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 Créditos Fotográficos: Paulo Fatela

 

 

Receita de arroz doce  partilhada por Luzia Santos:

 

"125 gr de arroz carolino

1 colher de sopa de manteiga

150 gr de açúcar

7,5 dl de leite

3 gemas

Pau de canela e casca de limão

Coloca-se o arroz em água a ferver, com sal, para cozer durante cerca de dois minutos. Entretanto levamos o leite ao lume com o pau de canela e a casca de limão. Escorremos o arroz muito bem , colocamos no leite a ferver e deixamos cozer destapado, em lume brando.

Quando estiver cozido deitamos o açúcar, desligamos o fogo e mexemos muito bem.

Deixamos arrefecer um pouco e juntamos as gemas, que podem ser desfeitas num pouco de leite, e a manteiga.

Devo dizer que algumas vezes não adiciono a manteiga e fica igualmente bom.

Levamos novamente ao lume brando até engrossar, sem parar de mexer nem deixar ferver."

 

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  Créditos Fotográficos: Luzia Santos

 

  

Receita de arroz doce  partilhada por Ana Paiva:

 

“O meu arroz-doce

Houve tempos em que achava que qualquer mistura de arroz, leite e açúcar dava arroz-doce. Depois de conseguir diversas consistências de “argamassa” decidi-me a levar a efeito uma investigação nos diversos livros de culinária que tinha e, após variadas experiências, umas melhores que outras, encontrei uma deliciosa receita de “arroz-doce de cesto”, da Beira Alta, numa recolha feita por Maria de Lourdes Modesto.(1) Fica um arroz-doce muito cremoso, tipo leite-creme. O arroz tem que ser carolino, claro, e o leite tem que ser gordo, de preferência do dia. Ponho casca de limão, o que lhe dá um gostinho especial. Também já aconteceu esquecer-me da casca de limão; então, no fim, juntei raspa de um limão e de uma lima e ficou bom; a lima dá-lhe um toque exótico. Uso canela q.b., já que não sou grande fã… E não, não uso o guardanapo nem o cesto, coloco-o numa travessa normalíssima, larga, para ficar bem espalhado. Com as claras, quando tenho oito, faço um bolo. Vou-as congelando, ficam fresquíssimas…"

 

"Arroz-doce de cesto

2,5dl de água; 1 chávena de café de arroz carolino; 1 pitada de sal; cascas de limão; 1 litro de leite gordo; 4 gemas; 200g de açúcar; canela

Coloca-se a água ao lume e, quando ferver, deita-se o arroz (não lavado), uma pitada de sal e cascas de limão. Quando a água tiver evaporado adiciona-se o leite, de preferência quente, e deixa-se cozer bem. Entretanto, misturam-se as gemas com o açúcar e, fora do lume, juntam-se ao arroz. Leva-se novamente ao lume só para cozer as gemas. Retiram-se as cascas do limão, deita-se numa travessa e polvilha-se com canela."

 

(1) Cozinha tradicional portuguesa, “levantamento do património culinário português” efetuado por Maria de Lourdes Modesto (Lisboa: Verbo, 4.ª ed., 1983, p. 103).”

 

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  Créditos Fotográficos: Ana Paiva

 

A primeira receita enviada, face ao desafio lançado via facebook, foi de Natalina Asseiceira:

 

“Por cada chávena (almoçadeira) e meia de água a ferver leva uma de arroz e nessa água tem de estar pau de canela, uma pitada de sal e um pouco de manteiga. Pomos 3 litros de leite a ferver à parte com uma casca de limão e depois do arroz estar cozido vai-se deitando a pouco e pouco no arroz. Só no fim do arroz estar bem cozidinho é que leva o açúcar a gosto e por fim dispõe-se em pratinhos ou tigelas polvilhado com canela e enfeitado a gosto.”

 

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Créditos Fotográficos: Natalina Asseiceira

 

 

 

 

 

MADEIRAS - MARCENARIA, CARPINTARIA, RESTAURO

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É curioso que quando falo sobre  marcenaria e carpintaria, em regra, as pessoas têm dificuldade em perceber as diferenças, considerando que ambas utilizam a madeira como matéria-prima. Importa dissociar esta duas atividades: digamos que a primeira permite usar criatividade e a outra tem de ser desenvolvida de forma exata e rigorosa.

 

A saber:

O marceneiro dedica-se quase exclusivamente à produção de móveis, conservação e restauro de objetos decorativos em madeira. O trabalho de um marceneiro é substancialmente artesanal. Importa salientar que, apesar do marceneiro ser um artesão, nos dias hoje é comum usar bastante maquinaria  para desenvolver a sua atividade.

O carpinteiro trabalha essencialmente com  madeira maciça, no seu estado natural. O ofício da carpintaria vem já desde os primórdios da humanidade e abrange desde a construção de carros de tração animal, telhados, cofragens, escadas, portas, soalhos, até obras de muito maior dimensão, por exemplo na construção naval.

 

Fonte: https://www.zaask.pt/blog/qual-a-diferenca-entre-marceneiros-e-carpinteiros/, 2016/02/04

 

 Os últimos marceneiros de Coruche

 

Já são poucos os marceneiros em Coruche. Estão referenciados no livro “Mãos com Alma – artes e ofícios em Coruche”  três dos artesãos que ainda estão no ativo, são eles:

João Manuel de Sousa Manaia

Moisés Oliveira Batista

Joaquim Manuel Marques Hilário

Há relativamente pouco tempo o fotógrafo Hugo Lourenço publicou na sua página de facebook uma foto que me tocou, não só pela plasticidade mas, sobretudo, pela mensagem, a qual confirma que os efeitos da globalização são evidentes. A foto mostra as marcas do tempo, quer ao nível do espaço, do artesão, mas também o facto de a porta estar entreaberta, quase fechada, denota que o fim pode estar próximo...

 

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 Créditos fotográficos: Hugo Lourenço

 

Transcrevo aqui uma nota biográfica do artesão visado:

“João Manuel de Sousa Manaia nasceu em 1937, natural e residente em Coruche. Terminada a escolaridade, João Manaia, aos nove anos de idade, começou a trabalhar na oficina de carpintaria/marcenaria, propriedade do seu pai, Carlos Manaia, e do seu irmão Guilherme Manaia. No início começou com a função de auxiliar, limpava a oficina, mais tarde como aprendiz, até que chegou o momento de desenvolver as suas próprias peças. Tem dedicado grande parte da sua atividade profissional à construção de móveis e restauro. Marcenaria é a profissão da sua vida, desenvolvida ao longo de mais de sessenta anos. À data está no ativo, a funcionar na sua pequena oficina, marcada pelo tempo, na travessa dos Guerreiros – Coruche.”

in, Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofício tradicionais em Coruche, edição Associação  para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 20 e 21.

 

No âmbito da carpintaria, e neste primeiro post sobre este assunto, o destaque vai para o  Manuel Marques Hilário, o qual conseguiu realizar o seu sonho: construiu um barco que navega nas águas do Sorraia. O projeto desenvolveu-se entre 2012/2013.

 

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 Fotos: Arquivo Câmara Municipal de Coruche

  

Transcrevo aqui uma nota biográfica do artesão visado:

“Manuel Marques Hilário nasceu em 1934, natural e residente em Coruche. Aos treze anos de idade Manuel Hilário deu início à sua atividade de marceneiro, na oficina de Joaquim da Silva. Mais tarde, já adulto, estabeleceu-se por conta própria, fazendo as mais diversas peças de mobiliário, desde o tradicional ao mais requintado. Dedicou-se, também, ao restauro de móveis. Em 2012/2013 construiu um barco que permite navegar.”

in, Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofício tradicionais em Coruche, edição Associação  para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, pág. 27.

 

Dinâmica:

Propor a fotografos de Coruche, que registem artesãos e/ou peças no âmbito deste post.

Enviar fotografias para o e-mail: paulo.fatela@sapo.pt, no prazo de um mês, contado a partir da data deste post.

Talvez esta dinâmica dê lugar a uma exposição em espaço fisico.

 

Revisão: Ana Paiva

 

FIOS - LINHO, ALGODÃO, LÃ e OUTROS

TRAJES

 

"O concelho de Coruche, devido à sua grande extensão e riqueza, engloba no seu todo uma diversidade de usos e costumes que são uma mescla dos hábitos e princípios trazidos pelos primitivos colonos oriundos de outras regiões do País a que se dava o nome de Barrões, Béus ou Bimbos. Vinham das zonas da Figueira da Foz, Montemor-o-Velho e outras.

A maneira de vestir era diferente, tanto no homem como na mulher.

O lavrador vestia calça justa, jaqueta e chapéu de abas largas e direitas. O trabalhador rural vestia fato de surrebeco, cinta e barrete preto. Dedicava-se aos trabalhos mais pesados: cava, planta, aduba, trata das vinhas e lagaragem. O campino, ex-libris da lezíria, em dias festivos ou gala, vestia camisa branca de coloreta e frentes bordadas, colete encarnado bordado a preto, calção de veludinho roxo ou azul escuro, meia branca de renda, sapato de prateleira, cinta vermelha e barrete verde.

A mulher vestia ceroulas de ganga azul, apertadas no joelho para poder arregaçar as saias: três das saias, mais rodadas atrás do que à frente, sendo a de cima de chita; uma blusa de quartinhos; avental; lenço e chapéu de mescla, garridamente enfeitado com uma fieira, na qual segurava penas de pavão, fios de contas e pequenos objetos; calçava canos e tamancos, usando sempre um taleigo bordado a ponto de cruz."

 

in: Fatela, Paulo – Mãos com Alma: artes e ofícios tradicionais em Coruche, Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana, 2014, p 88.

 

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Chapéu de mescla, garridamente enfeitado com uma fieira, na qual segurava penas de pavão, fios de contas e pequenos objetos

Créditos fotográficos: Carlos Siilva

 

 

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O campino vestia camisa branca de coloreta e frentes bordadas, colete encarnado bordado a preto, calção de veludinho roxo ou azul escuro, meia branca de renda, sapato de prateleira, cinta vermelha e barrete verde.

Créditos fotográficos: Carlos Siilva

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 O trabalhador rural vestia fato de surrebeco, cinta e barrete preto

Créditos fotográficos: Carlos Siilva

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